Laudo dirá se feirante vai responder por homicídio doloso

Polícia aguarda perícia para saber se motorista que matou cinco pessoas dirigia em alta velocidade

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Por Pedro Dantas
Atualização:

O motorista que matou cinco pessoas no sábado responderá por homicídio doloso (com a intenção de matar), caso o laudo pericial aponte que o carro estava em uma velocidade muito acima dos 60 km/h permitidos na Avenida Santa Cruz, em Bangu (zona oeste). A afirmação é do delegado adjunto da 34ª DP, Delmir Gouvêa, que investiga o acidente. A perícia do Instituto de Criminalística de Campo Grande deve ficar pronta em até 30 dias. No dia da tragédia, o motorista, o feirante André Leandro da Silva, de 39 anos, foi liberado pela polícia após pagar uma fiança de R$ 1.200 mesmo após tentar fugir sem socorrer as vítimas. "Se o laudo confirmar uma velocidade excessiva, ele aceitou o risco de matar ao correr em local habitado. Responderá por dolo eventual na Justiça", afirmou o delegado. Ele acredita que as agravantes de o motorista não ter prestado socorro, estar sem habilitação e atingir as vítimas na calçada podem elevar a pena a até 6 anos de prisão. O Detran proibiu o motorista de renovar a carteira e abriu processo administrativo para cassar definitivamente a habilitação dele, que não renovava o documento há dois anos. Ontem, foram enterradas quatro vítimas. O comerciante Carlos Alberto Fortes, de 38 anos, que perdeu na tragédia o pai, Pedro Pontes, de 71 anos, e o filho Pedro Henrique Pontes, de 16, passou mal durante o velório e foi levado para o Hospital Albert Schweitzer, em Realengo. "Pagar fiança e ir embora depois de matar cinco é demais", declarou o sócio de Fortes, César Martins, de 47 anos. No enterro da menina Emanuele da Silva, de 9 meses, o clima também era de revolta com a libertação do feirante. "Espero justiça com as vidas que foram ceifadas", disse a mãe da criança, Márcia da Silva, de 23 anos. Pela manhã foi enterrado Adalmir do Amaral, de 34 anos, no Cemitério de Campo Grande. A quinta vítima, Luciene Cavalcanti, de 25 anos, havia sido sepultada anteontem no Cemitério do Caju. Atropelamentos são comuns na região. Os dois irmãos de Márcia já foram atropelados na mesma avenida da tragédia. Um deles, Marcelo da Silva, de 37 anos, morreu há um mês. Ele ficou paraplégico depois de um carro invadir a casa da família, quando ele tinha 7 anos. Os moradores contaram que há muito tempo solicitam às autoridades a instalação de redutores de velocidade.

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