Lavador de carros confessa que matou analista financeiro

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Por Agencia Estado
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A polícia de Ribeirão Preto prendeu, na noite de nesta terça-feira, o lavador de carros Adelir da Silva Motta, de 32 anos, que confessou ser o autor da morte do analista financeiro Carlos Alberto de Souza Araújo, morto em 23 de fevereiro. Motta inocentou o usineiro Alexandre Titoto, até então o único suspeito do crime, que teria participado apenas da ocultação do cadáver, enterrado numa cova rasa numa fazenda de sua família, em Serrana. O delegado Samuel Zanferdini, do Setor de Homicídios da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), acredita em parte da versão de Motta. O delegado duvida apenas que Titoto tenha sido um mero espectador do crime, e também investiga a possibilidade do crime ter sido premeditado. Desde a descoberta do crime, com o encontro do corpo de Araújo, na noite do dia 24, após indicação de Titoto, a polícia acreditava na participação de um cúmplice, provavelmente um funcionário. O usineiro nega-se a depor desde sua prisão, mas em conversas informais com Zanferdini citou um nome, que foi entendido inicialmente como "Ademir". Nenhum funcionário com esse nome foi encontrado e, em outra conversa, disse que era Adelir e que a pessoa trabalhava num lava-jato. Assim, Motta foi detido e levado à delegacia. Zanferdini disse que suspeitava da participação dele na ocultação de cadáver, mas Motta afirmou que tinha cometido o crime sozinho, no escritório de Titoto, que era seu amigo havia dois anos. No Edifício Millennium, um prédio empresarial do Jardim Irajá, ele teria ido para pegar um Honda Accord do usineiro e levá-lo para uma revisão, no dia seguinte. Mas, ao presenciar uma discussão entre Titoto e Araújo, por dívidas, teria defendido o amigo, pois Titoto teria sido agarrado pelo pescoço por Araújo, segundo sua versão. Motta e Araújo teriam entrado em luta corporal e o analista financeiro teria sido atingido na cabeça por uma moldura de quadro. A briga teria continuado nos corredores, onde Araújo teria desmaiado, numa das escadas. Então, ele e o usineiro, que só assistia a briga, teriam levado a vítima para o porta-malas do Mercedes (produto de uma fraude contra uma seguradora), que estava no estacionamento. Como apresentava sinais de vida, os pés e mãos de Araújo teriam sido amarrados. Segundo o delegado Zanferdini, Motta poderia ser mesmo a segunda pessoa que estaria ao lado de Titoto no carro segundo a versão de um vigia do prédio. Titoto e Motta levariam Araújo para um canavial, mas ao perceberem que já havia morrido, o usineiro teria mudado de idéia e disse que o enterraria na fazenda da família, onde um buraco havia sido aberto para a instalação de uma antena. Titoto teria ajudado a fechar o buraco e uma pá teria sido jogada no mato, mas a polícia não a encontrou. O laudo do Instituto Médico-Legal (IML) aponta que Araújo foi enterrado ainda vivo (asfixia por soterramento e traumatismo craniano), mas ainda falta o laudo oficial da perícia. Motta teria tomado banho na fazenda e um funcionário teria levado ambos de volta para Ribeirão Preto, onde Titoto pegou o Accord e voltou para Mococa. "O depoimento dele (Motta) é coerente, mas omite a participação do Titoto e a cova aberta é um sinal de premeditação do crime", diz Zanferdini. Motta teve prisão temporária decretada por 15 dias e está no anexo do 1o DP. Titoto está em outra cela no mesmo local e teve a sua prisão temporária prorrogada por mais 15 dias. O usineiro deverá depor apenas em juízo. A defesa deverá pedir o habeas-corpus após a conclusão do inquérito policial.

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