Lesados por "golpe do Fome Zero" destroem sede de instituição

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Cerca de mil pessoas destruíram nesta quinta-feira a sede do Centro Socyal Benefycente Mylytar do Brazyl (essa é grafia utilizada pela instituição), em Realengo, que durante os mês de junho cadastrou seis mil pessoas utilizando o nome do programa Fome Zero. O presidente da instituição, que se apresentou como bispo Heleno Teixeira dos Santos, prometia entregar hoje cheques de R$ 100 a R$ 250 e cestas básicas, mas desapareceu. Revoltada, a população invadiu a casa e tentou resgatar fotos e documentos entregues ao falso bispo. A Polícia Militar teve de conter o grupo. O anúncio de que estavam sendo cadastrados candidatos para o programa do governo federal chamou a atenção de vizinhos e se espalhou. Os interessados tinham que entregar cópias de carteiras de identidade, CPF, título de eleitor, carteira de trabalho, comprovante de residência, certidão de nascimento dos filhos, carteira de vacinação. Além disso, precisavam comprar por R$ 0,15 um formulário, que só era vendido em uma loja que estava fechada nesta quinta-feira. Os candidatos aos benefícios pagavam ainda R$ 0,15 pelo preenchimento do documento. O bispo Heleno, como era conhecido, assinava o formulário. Sob seu nome, a inscrição: professor ecologista holístico. ?Uma brincadeira dessas não se faz?, disse o viúvo e desempregado, Manoel Cares de Lima Filho, de 34 anos, que tentava vender o sapato para voltar para casa. ?Era a última esperança. Já não sei mais o que fazer. Tenho uma filha para criar?. Muitos dos enganados temiam que o bispo Heleno usasse seus dados para falsificar documentos. O delegado Nerval Goulart garantiu que o falso bispo não conseguiria usar os dados porque nenhum órgão público aceita fotocópia de documentos. Para a ex-secretária Jaqueline Silveira de Miranda, de 32 anos, o bispo Heleno disse que usaria os dados para conseguir se candidatar a vereador. Se apresentasse assinatura de duas mil pessoas, ele receberia verba do partido ? ela não soube informar qual ? para ajudar na campanha. Ela contou que ele já havia usado o mesmo expediente com o Programa Cheque-Cidadão, do governo do Estado. Jaqueline contou ainda que o ex-patrão tem documentos que comprovariam que ele representa oito associações diferentes ? todos falsos. Ela trabalhou apenas uma semana com Heleno e deixou o cargo por desconfiar das atividades dele, que a pagou com um cheque de R$ 50. Sem fundos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.