Lessa diz que declaração de Tarso inciou guerra de bastidores

Ex-presidente do BNDES criticou fim "era Palocci" decretado pelo ministro

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Por Agencia Estado
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Já começou a guerra de bastidores quanto à condução da economia no próximo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. A avaliação foi feita pelo economista da UFRJ e ex-presidente do BNDES Carlos Lessa, ao comentar as declarações feitas neste domingo pelo ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, que decretou o fim da "era Palocci" na economia, referindo-se ao ex-ministro da Fazenda. "Essa declaração vai produzir um barulho enorme na segunda-feira. Haverá uma festa em torno da vitória de Lula e vai começar a se dar uma guerra de bastidores", afirmou. "De certa maneira, esse negócio de que a era Palocci terminou é uma declaração muito forte de uma ala", afirmou Lessa, que criticou a política de juros alto quando presidia o banco e foi afastado. O próprio Lessa diz que foi demitido por ter declarado que a política monetária era um "pesadelo". Ele avalia que dentro do governo nunca houve consenso. O que há, diz ele, é uma espécie de "hipocrisia para fora". "Todos querem fazer discurso que seja conveniente ao rei. Isso é normal em todas as cortes", afirmou. Segundo ele, a guerra de bastidores vai se travar dentro do PT e junto com os aliados. O ex-presidente do BNDES diz que o presidente demonstrou, durante os debates, que o País está muito bem e "vai colher os frutos" nos próximos anos. Para Lessa, contudo, a taxa de investimento do País está "lá em baixo" e o País tem um gasto financeiro devastador, com os juros da dívida. "Não vejo como começar uma nova era sem comprimir violentamente essa massa de juros", disse. Ele criticou a situação cambial. "Já fiquei rouco de dizer isso. Mas é impossível controlar a inflação e retomar o desenvolvimento com a abertura cambial estúpida que o Brasil tem. É preciso algum controle de câmbio. Até o Nakano pensa assim, ele é um sujeito sério", afirmou, citando o economista Yoshiaki Nakano, que foi um dos principais assessores econômicos do candidato derrotado do PSDB à presidência da República Geraldo Alckmin.

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