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Leva e traz à inspeção ganha adeptos em SP

Opção serve a quem não tem tempo; ?pacote? pode custar R$ 100

Por Naiana Oscar
Atualização:

Não é só a empresa responsável por fazer a inspeção veicular ambiental na frota paulistana que está lucrando com a exigência da Prefeitura. Desde o início do ano, quando se tornou obrigatório avaliar a emissão de poluentes em carros e motos, oficinas mecânicas e até autônomos encontraram um novo mercado. Eles oferecem o serviço de leva e traz para pessoas que estão sem tempo para fazer a inspeção ou que simplesmente não têm paciência pagar taxa no banco, agendar pela internet e levar o carro no dia marcado. O corretor de imóveis Rouftaing Guimarães, da Guimarães Consultoria em Seguro, tem feito em média cinco inspeções por dia. São cerca de cem num mês. "As pessoas não têm tempo e numa cidade com o trânsito de São Paulo é tudo mais complicado", afirma. Guimarães começou oferecendo o serviço para antigos clientes. "Vi que era mais um nicho." Com ele, o "pacote inspeção" sai por R$ 100 - inclui a taxa de R$ 52,73. Além de agendar, pagar a tarifa, levar o veículo e devolvê-lo, Guimarães faz o pedido de reembolso no site da Prefeitura. Com mais de 500 inspeções no currículo, o corretor já sabe qual é o caminho mais curto para agilizar o processo. Ele procura não agendar em postos requisitados, como o da Barra Funda e o do Jaguaré, onde a fila é de dois meses. "Nos postos da zona leste, consigo agendar a inspeção para o dia seguinte." Se o trânsito estiver ruim, ele perde cerca de quatro horas para fazer o serviço. Agora, os planos são de ampliação e ofertar manutenção de carros. É o que já faz a oficina Auto Mecânica Scopino, na zona norte. O veículo pode passar por uma pré-inspeção antes de seguir para a avaliação oficial. O proprietário, Pedro Scopino, explica que a maioria dos clientes que pagam para não levar o carro à inspeção é de idosos que não têm acesso fácil à internet. "A terceira idade é quem mais procura. O restante se vira." O leva e traz custa R$ 70 e a pré-inspeção, R$ 35. Esse caso não inclui a taxa. A secretária Rosana Campos, de 43 anos, não se arrepende do gasto extra. Como a placa de seu carro é de final 2, ela teve de levar o veículo em maio a um posto da Controlar. Fez tudo sozinha, mas o Honda Fit, ano 2004, foi reprovado. Na segunda chance, ela resolveu deixar o carro com Scopino e aproveitou para fazer ajustes. Gastou R$ 1,5 mil. "Não precisei sacrificar o fim de semana." Quem está no ramo vê futuro promissor. Além de a obrigatoriedade ser anual, a frota de 6,5 milhões de veículos é um mercado em potencial. Segundo a Controlar, o serviço não é irregular porque para a empresa não importa quem leva o carro. Carlos Pazetto, de 52 anos, é autônomo e até janeiro só transportava motos para concessionárias. Agora, começou a levá-las à inspeção. "Percebi que é possível semear nesse campo." Pazetto fez três serviços, todos para motos de grande cilindrada. Uma de suas clientes foi a arquiteta Maria José Mainente, de 47 anos. O problema dela nem foi a falta de tempo, mas medo de andar com a moto nova no trânsito pesado. "Só saio no fim de semana para passear." Maria José foi junto, no carro, até a inspeção.

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