Líder dos sem-teto é acusada de vender terrenos irregulares

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Por Agencia Estado
Atualização:

Uma das líderes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) de Campinas, a 90 quilômetros de São Paulo, Aparecida de Lourdes Souza Lima, está sendo acusada de vender irregularmente terrenos de um loteamento embargado, localizado no Jardim São Paulo, periferia da cidade. A denúncia foi feita à prefeitura e encaminhada ao Procon, por meio de uma representação. O caso também deverá ser apresentado à Promotoria do Consumidor do Ministério Público Estadual de Campinas para ser investigado. A área que estaria sendo comercializada por Aparecida de Lourdes é alvo de vários processos na Justiça. Foi invadida pela segunda vez no começo do ano por um grupo que seria comandado pela acusada. A prefeitura conseguiu retirar os invasores do local, prometendo cadastrá-los para programas de moradias populares na cidade. Com o aval de um dos 112 proprietários do terreno, Mário José Von Ah, Aparecida teria montado a Cooperativa do MTST, instalado um escritório na Avenida Francisco Glicério, no centro de Campinas, onde estaria vendendo lotes de 160 metros quadrados a qualquer pessoa interessada. As glebas custariam R$ 7.450,00 no total. Os compradores não precisariam ser integrantes do MTST. A diretora do Departamento Jurídico e Urbanístico de Campinas, Ernestina Gomes de Oliveira, alertou que os contratos de venda não têm validade porque se trata de um loteamento clandestino. Segundo Ernestina, o loteamento original foi aprovado e registrado pelo município ainda na década de 50. O terreno pertencia a José Von Ah, pai de Mário, que chegou a vender algumas glebas, com áreas entre 300 e 400 metros quadrados, de acordo com a legislação da época. Mário teria herdado 62 lotes do espólio do pai, mas o formol de partilha ainda não está concluído. O loteamento nunca foi definitivamente implantado. Nos anos 70, a prefeitura desapropriou parte dele para construir apartamentos populares. A desapropriação foi contestada na Justiça e ainda não existe sentença sobre o caso. A acusada chegou a ser chamada na prefeitura para prestar esclarecimentos, mas negou. Aparecida foi procurada no escritório da Cooperativa, mas não atendeu à reportagem. Von Ah não foi localizado para comentar o assunto.

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