Líderes do CV estariam envolvidos

Ainda não se sabe, porém, o motivo das execuções; polícia vai tentar recolher material para exames de DNA

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Por Fabiana Cimieri e Talita Figueiredo
Atualização:

Para o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, a ordem para a suposta execução do traficante Antônio José Ferreira, o Tota, e seus cúmplices, teria partido de um "comando superior", ou seja, de lideranças do Comando Vermelho (CV), e não descartou a possibilidade de o crime ter sido encomendado por Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, que cumpre pena no presídio federal de Campo Grande (MS) e esteve no Rio na segunda-feira, para assistir ao interrogatório de testemunhas num processo em que é réu. Outro suspeito de ter mandado executar a quadrilha que dominava o Complexo do Alemão é o traficante Marcio Nepomuceno, o Marcinho VP, preso em Catanduvas (PR). Galeria de fotos das operações feitas no Complexo do Alemão O motivo, de acordo com o subsecretário de Integração Operacional, Roberto Sá, será apurado a partir do inquérito aberto com o encontro dos corpos. Ainda nem se tem certeza de que entre os restos mortais carbonizados de quatro pessoas está Tota. "Não há como fazer reconhecimento do corpo, mas se tiver material para coleta de DNA, faremos o teste para identificar os mortos. Temos alguns informes da motivação, mas não há, por enquanto, hipótese mais forte." Sá informou que, até agora, não há nenhum indício de que o seqüestro de três chineses e de um diplomata vietnamita no mês passado tenha relação com o crime. Ele afirmou considerar possível a hipótese de que Tota tenha tentado mudar de facção e concordou que "uma tomada de poder como essa (com a morte de líderes de um morro) só pode ser dada por chefes". Para ele, a única forma de evitar que presos dêem ordens de dentro das celas seria se eles não tivessem contato com o mundo externo. "Mas os presos se comunicam com as visitas e elas podem passar adiante essas ordens", lamentou. DEFESA Beltrame defendeu as megaoperações como a de ontem, que contou com 800 policiais civis e militares, em 300 carros. Na segunda-feira, relatório da ONU sobre execuções sumárias criticava atuações da polícia nesses moldes. Segundo o secretário, a geografia do Complexo Alemão permite que um traficante no alto de uma escadaria confronte e impeça a passagem de um grupo de até 40 policiais. "As ações maciças da polícia impedem a reação", afirmou ele, acrescentando que esse tipo de ação traz mais segurança para os policiais e são disparados menos tiros, reduzindo o risco para a sociedade. O horário em que os policiais entraram no complexo, por volta de 9h30, foi escolhido porque é a hora em que o movimento de moradores indo para o trabalho e levando crianças à escola é menor. Beltrame voltou a defender o uso de carros blindados, apelidados de Caveirão. Anteontem, um desses veículos quebrou no meio de um confronto, depois de, segundo o secretário, ter sido atingido por pelo menos quatro granadas, que deslocaram o módulo elétrico. "Insistimos que esse equipamento é para transportar a tropa. Se não fosse blindado, teria sido uma tragédia. Os policiais saíram ilesos", comemorou.

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