Liminar impede Farah de reconstituir crime

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O cirurgião plástico Farah Jorge Farah, de 53 anos, que confessou ter assassinado a amante, Maria do Carmo Alves, de 46 anos, acordou neste domingo pouco antes das 7 horas. Logo, disse aos colegas de cela - dois médicos e dois engenheiros -, no 13º Distrito Policial, da Casa Verde, que não iria participar da reconstituição da morte da amante, marcada pela polícia para o início da tarde. "Meu advogado prometeu que conseguirá minha permanência na cela", comentou com o carcereiro ao receber o café da manhã. E isso se confirmou. O juiz Ivo de Almeida, de plantão no Departamento de Inquéritos Policiais (Dipo), da Corregedoria da Polícia Judiciária, concedeu liminar impedindo que Farah fosse levado para sua clínica, na Rua Alfredo Pujol, em Santana, onde, na madrugada do último dia 25, um sábado, praticou o crime. O juiz atendeu ao pedido do advogado do médico, Roberto Podval. O advogado argumentou que Farah não está bem de saúde, não lembra do que ocorreu e sua presença seria um "procedimento desnecessário". Podval afirmou que considerava um abuso levar o médico à clínica e argumentou que seu cliente não é obrigado a ajudar na investigação e "fazer prova contra si". Dúvidas Irritado, o delegado Ítalo Miranda Júnior disse que a reconstituição é fundamental para eliminar dúvidas. O policial quer saber em que lugar da clínica o médico estava quando a vítima chegou e como fez para desarmá-la (o cirurgião diz que Maria do Carmo o ameaçou com uma faca) e atacá-la. Miranda quer que o cirurgião forneça detalhes de como colocou o corpo nos cinco sacos de lixo. Também quer saber o que ele disse ao pai, Jorge Farah, ao pôr os sacos no porta-mala do carro dele, um Golf. No sábado, após o crime, Farah foi para a casa do pai, na Vila Mariana. O médico atendeu uma vizinha que estava doente e pediu ao pai que o levasse em seu Golf até a clínica. Estes detalhes foram revelados na sexta-feira por Slema Jorge, irmão do médico. Farah pegou os sacos com o corpo de Maria do Carmo e os colocou no porta-malas do Golf do pai. Seguiu para seu apartamento, na Rua Salete, em Santana. Na garagem, passou os sacos para o porta-malas de seu carro, um Daewoo. "Se fez tudo isso, lembra muito bem do que aconteceu e esta história de ´lapso de memória´ não passa de manobra de advogado", disse o promotor Orides Boiati, que acompanha as apurações. Para Boiati, não há nada na lei que impeça a presença do médico na clínica para a reconstituição. Sobre a liminar, ele afirmou ter havido cerceamento de prova e garantiu que a reconstituição será feita de qualquer maneira nesta semana. O promotor disse que as secretárias de Farah, Ernestina Leal e a sobrinha Érica, que os advogados do cirurgião prometeram apresentar, estão desaparecidas. "O fichário médico da vítima também sumiu." Saúde Para mostrar aos jornalistas que Farah está bem, o delegado o tirou da cela e o levou até o corredor do plantão do distrito, no andar térreo. "Vocês puderam ver que ele andou sem a bengala e seu estado físico é bom", disse. O advogado informou ao juiz que o médico tem problemas de saúde que o impedem de andar sem apoio e, por isso, usa bengala. Neste domingo de madrugada, a porta do consultório de Farah em Santana foi arrombada e o lacre da polícia, colocado na sexta-feira, quando os peritos encontraram vestígios de sangue, arrancado. A polícia não soube informar o que foi levado.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.