Liminar mantém internado casal que tentou matar filhos

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Por Agencia Estado
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Uma hora depois de dar alta médica para o casal Alexandre Alvarenga, de 31 anos, e Sara Maria Rosolen Alvarenga, de 32, às 11 horas desta terça-feira, o departamento de psiquiatria do hospital Celso Pierro, da Puc-Campinas, teve de voltar atrás por força de um ofício-liminar. O casal foi denunciado à Justiça, pela Polícia Civil, sob acusação de dupla tentativa de homicídio contra os dois filhos. Alvarenga atirou o filho de 1 ano na frente de um carro em movimento e em seguida bateu várias vezes com a cabeça da filha de seis anos contra uma árvore. A agressão ocorreu no domingo à tarde, após a família ter almoçado na casa de parentes.A menina foi atendida no Hospital Municipal Mário Gatti e liberada no início da noite de domingo. O bebê teve traumatismo craniano e está internado em estado grave no Mário Gatti. De acordo com boletim divulgado às 16 horas pelo hospital, o menino está estável, respira com ajuda de aparelhos, mas já não precisa de remédios para controle da pressão. A Assessoria de Imprensa do Mário Gatti informou que a equipe médica deverá ter melhor definição do quadro do bebê hoje, quando a área lesionada começará a desinchar. Descontrolado, o casal foi sedado no local do crime e encaminhado para o Celso Pierro. Nesta terça-feira, às 11 horas, o chefe de Psiquiatria do hospital, Renato Marchi, afirmou que Alvarenga e Sara Maria estavam em boas condições de saúde e ?estado normal de consciência?. Segundo ele, o casal deu entrada no hospital com ?estado alterado de consciência?. O médico comentou que Alvarenga e Sara atribuíram a as duas tentativas de homicídio a ?uma força acima de sua capacidade, que não conseguiram controlar?. Ele disse que o casal falou vagamente sobre uma seita, sem dar maiores detalhes, e em nenhum momento falou diretamente em Deus. Ainda segundo Marchi, os dois afirmaram não ter bebido nem utilizado qualquer tipo de droga no dia da agressão. A um policial civil que esteve no local para fazer a remoção dos acusados a prisões da região, Alvarenga teria dito que cometeu o crime ?porque estava sem Deus?. Uma hora depois de ser comunicado sobre a alta médica, o advogado de Alvarenga, Luiz Henrique Cirilo, apresentou-se no hospital munido de um ofício-liminar, assinado pelo juiz José Henrique Torres, diretor do Fórum de Campinas, determinando a permanência do casal para exames complementares. Cirilo refutou a afirmação da equipe médica de que Alvarenga e Sara estavam em condições clínicas normais. Ele disse que pediu a liminar para preservar a integridade física dos acusados e que eles deveriam permanecer no Celso Pierro, por tempo indeterminado, até que ?os exames estejam concluídos?. O advogado não detalhou quais seriam os exames, disse apenas que eram análises de ?insanidade mental?. Ele negou que o casal participasse de alguma seita. À tarde, o diretor da TV Século 21, uma emissora católica do movimento carismático, Eduardo Dogherty, visitou o casal, mas não quis falar com a imprensa. Depois de concluídos os exames, o advogado disse que pretende solicitar a transferência de Alvarenga e Sara para um manicômio judiciário. Cirilo alegou que ainda não havia conversado com seus clientes. ?Não falei com eles porque estavam sedados?, comentou. O hospital informou que a sedação foi interrompida na noite de segunda-feira, quando a polícia esteve no local para colher o depoimento de ambos. Mas eles se recusaram a depor e disseram que somente falariam em juízo. Ninguém do hospital falou com a imprensa depois do recebimento da liminar, nem se manifestou sobre a alegação do advogado de que a alta médica havia sido dada sem que exames completos tivessem sido feitos. A alegação da Assessoria de Imprensa era de que ninguém se manifestaria a respeito. Segundo a Assessoria, o casal não foi submetido a nenhum exame toxicológico no hospital. Marchi afirmou que tinha dois resultados negativos, de exames de álcool e cocaína. A Polícia Civil informou, entretanto, que havia solicitado os exames, que seriam feitos no Instituto Médico Legal de Campinas, mas não havia recebido os resultados até o final da tarde. Dois carros do Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra) e duas equipes de policiais civis de Campinas, estiveram no Celso Pierro para remover o casal a prisões. Mas deixaram o local depois que o hospital decidiu acatar a liminar, após consultar seu departamento jurídico. Policiais permaneceram no local para garantir a segurança dos acusados.

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