Linha 4: trem sem condutor entra em teste em novembro

Inicialmente, composições vão correr 1 km em trilhos no Pátio Vila Sônia, antes de avançar para a Faria Lima

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Por Eduardo Reina
Atualização:

Os testes com os trens da Linha 4-Amarela do Metrô começarão em novembro e as composições não terão condutor. Vão funcionar no sistema driverless, operadas a partir do centro de controle operacional, por meio de ondas de rádio. Os testes iniciais serão realizados num trecho de 1 km de trilhos, dentro do Pátio Vila Sônia. Depois, passarão para a via. Aí as composições vão correr num trecho de 4.964 metros, entre a Vila Sônia e a Estação Faria Lima. A finalização das avaliações dinâmicas dos trens está prevista para fevereiro. A estimativa da Companhia do Metropolitano de São Paulo é entrar em operação comercial no fim do primeiro trimestre de 2010. A construção teve início em 29 de abril de 2004. O primeiro trecho a funcionar será entre Faria Lima e Paulista. Cerca de um mês depois, os trens vão até a Estação Butantã, fazendo a transposição subterrânea do Rio Pinheiros, 15 metros abaixo do leito. Essas três estações já têm 90% das obras concluídas. A fase atual de construção é de colocação de pisos e revestimentos das paredes, além de outros acabamentos. Até mesmo as escadas rolantes foram instaladas. Os operários trabalham 24 horas para finalizar as obras. "Será entregue no fim do ano o primeiro trecho, entre as Estações Faria Lima e Paulista", reitera José Kalil Neto, assistente da presidência do Metrô. Também é previsto para o primeiro semestre de 2010 a abertura das Estações Luz e República. A emblemática Estação Pinheiros, palco da maior tragédia do Metrô paulistano, cujo desabamento das obras em 2007 provocou a morte de sete pessoas, tem previsão de abertura para operações no terceiro trimestre do próximo ano. E 60% das obras dessa estação estão concluídas. "Os túneis e o poço estão prontos, além de duas das cinco lajes previstas", diz Kalil Neto. A operação comercial da primeira fase da Linha 4-Amarela será feita entre as Estações Butantã, Faria Lima e Paulista. Os trens passarão sem parar pelas Estações Pinheiros, Fradique Coutinho e Oscar Freire, que estarão em fase de conclusão de obras. Ainda em 2010 está prevista abertura das Estações República e Luz ao público. A Linha 4 é a primeira do Metrô paulista que terá o dispositivo denominado Aparelho de Mudança de Via (AMV), equipamento que possibilita o cruzamento de linhas. Está no Pátio Vila Sônia e no estacionamento da Estação Paulista. Serão assentados cerca de 58 quilômetros de trilhos em todos os 12,8 quilômetros de extensão da Linha 4. O assentamento já foi finalizado no Pátio Vila Sônia e em vários trechos até a Estação Faria Lima. São pelo menos cinco frentes de trabalho ao longo da linha. Os trilhos são importados da China e da República Checa. Cada barra de aço tem 108 ou 96 metros, dependendo do fabricante. O teste dos trens na via (trilhos), segundo o engenheiro Alberto Lima, do Departamento de Construção Civil do Consórcio Via Amarela, responsável pelas obras, servirá para regular todo o equipamento de comunicação, que vai controlar os trens. "Serão feitos testes com trens vazios e com os trens com carga, simulando passageiros. Vai servir para apontar o ponto certo para as composições pararem nas estações, de modo que a abertura das portas esteja perfeitamente sincronizada com a abertura das portas de plataforma nas estações", explica Lima. A porta de plataforma é um dispositivo de segurança para o usuário que será aberto simultaneamente com a porta do trem. O pátio-garagem Vila Sônia, com 111 mil m², está praticamente concluído. Há 16 baias para estacionamento dos trens, uma baia para lavar as composições, e os prédios de controle e operacionais. ATRASO Mesmo com a nova opção de transporte coletivo na capital, a população da maior metrópole do Brasil encontra-se sufocada por um sistema de trânsito problemático, o que dificulta a locomoção na cidade. São mais de 100 quilômetros de engarrafamentos diários nas principais vias de tráfego nos horários de pico. Com a inauguração da Linha Amarela, o sistema metroviário ficará com 74,1 quilômetros, enquanto seriam necessários pelo menos 160 quilômetros de novas linhas, muito atrás de capitais como Seul, que tem 287 km de rede de transporte público subterrâneo, e cuja construção começou em 1974. A primeira operação comercial do Metrô em São Paulo também teve início em 1974, na Linha 1-Azul, no trecho Jabaquara-Vila Mariana. Já Madri tem 283 quilômetros de metrô; Londres, 408; Nova York, 368; Tóquio, 304; Moscou, 286; e Cidade do México, 202. "Estamos defasados pelo menos dez anos em crescimento. O plano anterior previa que em 2020 a Região Metropolitana tivesse pelo menos 163 quilômetros de metrô. Seria necessário crescer 4 quilômetros por ano. E estávamos crescendo 1,5. Agora haverá integração e aproximação com os ramais da CPTM, com recuperação dos 261 quilômetros dessa malha e equiparação tarifária e de serviços com o metrô", diz José Geraldo Baião, presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô (Aeamesp).

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