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Litoral norte de SP "importa" quadrilhas

Por Agencia Estado
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No litoral norte, a grande preocupação com a violência tem explicação. Quadrilhas especializadas descem a cada feriado ou evento para a região, em busca de lucro. "Nós importamos quadrilhas", diz o delegado seccional do litoral norte, João Barbosa Filho. Ubatuba, explica ele, recebe ladrões de Taubaté; Caraguatatuba, de São José dos Campos e Jacareí; e São Sebastião e Ilhabela, da Baixada Santista. "Às vezes, também há bandidos do Rio." Motos Em agosto, durante um evento de motos que reuniu 200 mil pessoas em Caraguatatuba, várias quadrilhas especializadas em furtar motocicletas foram notadas na cidade. "Houve muitos flagrantes", lembra o subcomandante da PM do litoral norte, major Milton Pouza Junior. A cidade hoje tem 20 câmeras de vídeo, que funcionam em pontos estratégicos. Mas não são apenas os turistas que saem no prejuízo. Os proprietários das residências alugadas também reclamam. A empresária Edir Soares Eisele, de Taubaté, alugou uma casa para 15 pessoas, no centro de Ubatuba, por mais de 10 anos. Hoje, colocou-a à venda. "Não dá mais para alugar. Minha casa foi furtada mais de sete vezes, até com turistas dentro." Nem roupa no varal A empresária relata que, de R$ 250,00, a diária caiu para R$ 120,00. Mesmo assim, os turistas reclamam que não podem nem deixar roupa no varal. Além disso, o IPTU de R$ 2.700,00 por ano não compensa manter a residência. "Perdi muita clientela e objetos de valor durante os furtos." Em Caraguatatuba, a aposentada Teresa Medeiros Dias perdeu a conta das vezes em que foi vítima de furto. "Eu contei oito, mas deve ter sido mais." Apelo Um apelo inusitado foi feito pelo irmão de Teresa. Depois de um prejuízo de mais de R$ 5 mil em eletrodomésticos, que foram levados em três furtos, o publicitário José Carlos de Medeiros resolveu mandar um recado para os assaltantes. Colocou uma faixa de 2 metros de comprimento na casa, informando aos ladrões que ali não havia mais nada. O "desabafo" deu certo, mas, para se certificar, ele instalou um alarme ligado a uma central de segurança privada. União As Polícias Militar e Civil, prefeituras e empresas de segurança procuram se unir para proteger os turistas. Do Natal ao carnaval, o efetivo da PM, de 400 homens, dobra. Há três anos, os soldados distribuem CDs com mensagens de prevenção a assaltos e furtos para todas as rádios da região. As Guardas Municipais auxiliam no trabalho de fiscalização. A Polícia Civil acelera investigações e promete distribuir panfletos aos turistas no verão. Apesar dos esforços, todos são unânimes em afirmar que o turista pode ajudar na prevenção, dificultando as ações dos marginais. "É preciso que mantenha a mesma vigilância que tem na cidade onde mora. Se fizer isso, ajudará e muito", afirma o delegado Barbosa Filho. Furtos, o maior problema "As pessoas querem se livrar do stress e do cansaço e acabam se desligando até das normas de segurança", explica o major Pouza Júnior. Para ele, o maior problema são os furtos. "O turista ainda deixa objetos de valor e coisas que chamam a atenção dos bandidos dentro dos carros. Deixam até vidro aberto." Na semana passada, três quadrilhas foram presas em flagrante quando tentavam praticar roubos à mão armada, de madrugada, em Ubatuba. Entre os nove detidos, três eram de São Paulo. "Ubatuba não é a mesma de 40 anos atrás. Não dá pra ficar andando e namorando na praia de madrugada", diz o delegado titular da cidade, Fausto Cardoso. Flanelinhas A prefeitura de São Sebastião se reuniu há duas semanas com policiais para definir estratégias. Uma das questões levantadas foi o trabalho dos guardadores de carros e flanelinhas nas ruas. Os turistas temem retaliações quando não pagam o que é exigido. Diante desse problema, uma cooperativa de vigilantes será formada para atuar na Rua da Praia, como já ocorre na costa sul de São Sebastião. A Sociedade Amigos de Barra do Una mantém uma equipe de vigilantes 24 horas, o que reduziu os crimes em 30%.

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