Livro com críticas de Lula repercute na Argentina e no Chile

Livro dos jornalistas Eduardo Scolese e Leonencio Nossa apresenta comentários contundentes de Lula, incluindo palavrões, em relação a Kirchner, Chile e ex-presidente uruguaio

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Por Agencia Estado
Atualização:

O jornal argentino "Clarín", o mais importante do país, dedicou dois terços de uma página sobre os impropérios que teriam sido proferidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação a presidentes, ex-presidentes e governos dos países da região, após um ingestão generosa de uísque na embaixada brasileira em Tóquio, em maio de 2005. Os episódios são citados no livro Viagens com o Presidente - Dois Repórteres no Encalço de Lula do Planalto ao Exterior, dos jornalistas Eduardo Scolese (Folha de S.Paulo) e Leonencio Nossa (O Estado de S. Paulo). O jornal diz que as frases confirmam as mútuas desconfianças existentes entre Lula e Kirchner em 2005. Já o jornal "Ámbito Financiero" foi irônico com Lula, com o título: "Lula da Silva, de festa, teve más lembranças de Kirchner". Os autores do livro acrescentam que Lula insultou, diante de cerca de vinte pessoas, o presidente argentino Nestor Kirchner e o ex-presidente uruguaio Jorge Batlle. O jornal destaca que os comentários presidenciais foram realizados quando Lula tinha no organismo várias doses de uísque. O jornal Infobae colocou o título: "Livro sobre Lula relata seus ácidos comentários sobre seus colegas". O periódico chileno "El Mercúrio" também publicou matéria em que destaca as palavras ofensivas que teriam sido ditas por Lula contra o Chile: "O Chile é uma merda. O Chile é uma piada", teria afirmado Lula. O El Mercurio ressalta outras passagens do livro em que Lula ironizaria seus colaboradores. E cita que, apesar do carisma do presidente, é comum Lula tomar atitudes ásperas e usar palavras ofensivas freqüentemente. Diplomacia A lista extensa de comentários citados no livro não causou significativa surpresa na capital da Argentina. O governo do presidente Néstor Kirchner manteve-se em silêncio sobre os impropérios que teriam sido proferidos pelo presidente por Lula. Extra-oficialmente, fontes do governo argentino tentaram manter cautela: "não achamos que seja certo isso aí que o livro afirma. O presidente Néstor Kirchner se dá muito bem com o presidente Lula. Há boa relação entre os dois presidentes". No entanto, o jornalista Ceferino Reato, autor da primeira biografia não-autorizada escrita sobre o presidente brasileiro fora do Brasil ("Lula, a esquerda no divã"), sustenta: "retrata muito bem Lula, que em público é uma coisa; entre seus assessores, é outra. Ele é uma pessoa áspera com aqueles que o rodeiam...e está sempre demandando respeito. Esse é o Lula real. O outro, do Lulinha paz e amor, é o Lula do marketing".

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