'Lobista é uma coisa, ladrão é outra', diz ministro

Mendes Ribeiro mantém defesa de regulamentação do lobby apesar de atuação de um lobista ter agravado crise na Agricultura; demissões vão continuar, admite

PUBLICIDADE

Por Denise Madueño
Atualização:

Com o discurso de que "lobista é uma coisa, ladrão é outra", o novo ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, toma posse na terça-feira disposto a fazer mudanças no quadro da pasta, recente alvo de "faxina" que resultou na saída do ministro Wagner Rossi. Após a primeira reunião com a presidente Dilma Rousseff, ontem, Mendes Ribeiro disse que recebeu carta branca para mudar o que julgar necessário. O peemedebista deixou claro que haverá demissões. "Para mudar, vou ter de tirar alguém."O ministro retomou a defesa da regulamentação do lobby como forma clara de identificar os setores de pressão, apesar de a atuação do lobista Júlio Fróes no Ministério da Agricultura ter sido o estopim da crise que culminou com a demissão do ministro Wagner Rossi (PMDB-SP). "Lobista é uma coisa, ladrão é outra", afirmou. Questionado especificamente sobre a atuação de Júlio Fróes, o ministro disse que iria se informar sobre ele no encontro com o ministro Jorge Hage (Corregedoria-Geral da União), mas que se ele fosse ao ministério teria de se apresentar na portaria e se identificar como qualquer outra pessoa.Como parlamentar, Mendes Ribeiro é autor do projeto de resolução 14/11, que prevê o credenciamento pela Mesa Diretora da Câmara de lobistas que teriam acesso a comissões da Casa e a deputados. Durante entrevista em São José do Rio Preto (SP) ontem, Dilma evitou comentar a declaração do ministro. "Não sei o que o ministro da Agricultura disse e não me posiciono sobre o que os outros dizem", afirmou ontem.Ritmo. Sobre a nova missão na Esplanada, o ministro disse que fará as mudanças necessárias na pasta. "Eu pretendo imprimir o meu ritmo, colocar a minha equipe. Vou fazer o que tiver de fazer", disse. "Estou fazendo um exame detalhado de todo o ministério com toda a cautela e vou fazer as mudanças necessárias." Um dos nomes já escolhidos para integrar a nova equipe é Caio Rocha, ex-secretário de Agricultura do Rio Grande do Sul durante o governo do peemedebista Germano Rigotto (2003-2007). Ele será assessor especial do ministro. Mendes Ribeiro marcou uma reunião com o ministro Jorge Hage na segunda-feira para ter conhecimento das investigações que estão sendo feitas na pasta. Ele disse que dará liberdade aos órgãos de controle para apurar supostas irregularidades. "Todos que quiserem fazer investigação e trabalhos ligados a qualquer tipo de controle, terão total liberdade no ministério", disse. O ministro descartou a extinção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), foco de denúncias de corrupção. "A Conab tem uma função extremamente importante. Ela protege quem produz", afirmou. Ele disse ainda que continuará ajudando Dilma no Congresso.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.