Lojistas reduzem críticas a Kassab pela Lei Cidade Limpa

Desde o dia 1º lei está em vigor, mas Prefeitura prefere alertar a multar o comércio

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Por Agencia Estado
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Não há como negar: a Lei Cidade Limpa, que proíbe a mídia exterior, "pegou" em São Paulo. As ruas estão cada vez mais despidas de outdoors e a maioria das lojas já está adaptando suas fachadas às novas dimensões exigidas desde o dia 1º. Segundo os próprios comerciantes, afetados diretamente pela lei, a principal bandeira da gestão Gilberto Kassab (DEM) começa a lhe trazer dividendos políticos numa eventual tentativa de reeleição. O presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Alencar Burti, afirmou que o prefeito melhorou sua imagem ao "corrigir o rumo" do Cidade Limpa. "Nunca fomos contra o projeto, mas ele era muito radical em relação aos prazos. O Kassab ligou o termômetro político e percebeu que, se atendesse aos nossos apelos, teria uma melhor receptividade." Os lojistas ficaram satisfeitos com o alvará provisório para quem não possui licença de funcionamento e a política de orientar antes de multar. Segundo Burti, "todas as atitudes têm objetivos definidos e, no caso dos políticos, é o voto". Se Kassab conseguiu melhorar sua imagem diante desse setor, o mesmo não vale para outros segmentos. É o que avalia um experiente consultor de marketing político. Para ele, o Cidade Limpa "é muito pouco para desfazer a impressão negativa do prefeito", principalmente depois do episódio em que ele agrediu verbalmente o autônomo Kaiser da Silva, há dois meses. "Retirar outdoors é uma boa, mas pura perfumaria. Não toca na rotina de quem mora na periferia e está mais preocupado com escola e hospital." O secretário de Coordenação das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, disse na terça-feira, 3, que multas serão aplicadas "de acordo com a lei", mas admitiu que a prioridade não será punir as lojas com fachadas irregulares, mas sim continuar com a retirada de outdoors e anúncios em empenas de prédios. Saia-justa A entrevista coletiva do prefeito, na terça, teve a presença de um repórter americano, que o pôs em uma saia-justa. Ele disse que países comunistas, como Cuba e China, também haviam aprovado leis de restrição à publicidade externa, e perguntou como Kassab via essa situação, "sendo um político de direita". Irritado, o prefeito respondeu que o repórter, David Harris, tinha cometido "um grande equívoco". "Sou um político de centro", disse. Kassab acabou se desviando do assunto e disse que no Brasil há uma democracia "que permite, inclusive, se dirigir dessa maneira ao prefeito de São Paulo". Harris chegou a lhe pedir desculpas. Ele faz uma reportagem sobre a lei para a Current TV, canal a cabo mantido pelo político americano Al Gore. Lei Cidade Limpa O projeto de lei, proposto pelo prefeito Gilberto Kassab (PFL) foi aprovado no dia 26 de setembro na Câmara dos Vereadores e sancionada em outubro pelo prefeito. Conhecida como Lei Cidade Limpa, seu texto proíbe a presença de publicidade externa a partir do dia 1º de janeiro de 2007. Com a lei, as propagandas ficariam restringidas em espaços do mobiliário urbano, como pontos de ônibus, relógios públicos e placas de rua. A lei prevê pagamento de R$ 10 mil para cada propaganda irregular. A estimativa é de que na cidade existam cerca de 6 mil outdoors e 3 mil backlights. O que manda a lei Cidade Limpa: até o dia 31 de dezembro de 2006 todas as peças publicitárias externas precisariam ser retiradas da cidade. A multa para infratores é de R$ 10 mil. Prazo extra: anúncios nas fachadas de estabelecimentos comerciais deveriam atender às novas dimensões de propaganda até dia 31 de março. Exceções: anúncios históricos, como o relógio do banco Itaú, em cima do Conjunto Nacional, serão analisados caso a caso.

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