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Lucro combina com dor em acordos da Airbus na China

Por TIM HE
Atualização:

A fabricante européia de aviões Airbus usou duas máscaras na China nesta segunda-feira, a alegria de acertar o que pode ser o maior contrato de vendas em volume e o crescente desespero sobre a contínua queda no valor do dólar. O paradoxo é o mesmo que domina as discussões entre líderes chineses e franceses nesta semana: como lidar com a expansão econômica da China sem ser esmagado por desequilíbrios no mercado global de moedas, que são atribuídos à China pela Europa. O presidente francês, Nicolás Sarkozy, e o presidente chinês, Hu Jintao, acompanharam a assinatura de um acordo da Airbus com a agência de compras da China que pode levar a uma encomenda de 160 jatos de passageiros da companhia européia avaliados em 16,7 bilhões de dólares a preços de tabela. Isso superaria o recorde anterior de 150 aviões registrado pelo antecessor de Sarkozy, Jacques Chirac, com a China durante visita similar feita em outubro de 2006. Mas a força do euro contra o dólar, a moeda em que os aviões são vendidos, está pressionando a participação da Airbus no mercado mundial de aviação disputado também pela Boeing. "É um perigo vital, o que significa que está comendo as margens da companhia, mas não de maneira imediata", disse o presidente-executivo da controladora da Airbus, a EADS, Louis Gallois, à Reuters. A Airbus já planeja reduzir sua força de trabalho em 10 mil funcionários e economizar 2,1 bilhões de euros (3,11 bilhões de dólares) por ano sob o programa de reestruturação Power8. A empresa também está tentando vender seis de suas 16 fábricas para fornecedores. Com a demanda por aviões decolando, Gallois disse que o problema não se resolve apenas com os cortes de empregos. A força do euro contra o dólar pode levar a uma terceirização adicional maciça se a valorização da moeda européia não for contida. Na semana passada, o presidente da Airbus, Tom Enders, disse que o dólar fraco representa uma ameaça à sobrevivência da companhia. O novo pedido da China compreende 50 jatos A330 avaliados em 182 milhões de dólares cada, a preços de tabela, além de 110 A320, que custam cada 70 milhões de dólares. A encomenda do ano passado era toda composta de modelos A320. Em euros, o acordo "Sarkozy" tem valor de 11,3 bilhões a preços de tabela. Já o contrato "Chirac" foi avaliado em 8,2 bilhões de euros em outubro de 2006. Em dólar, o valor do contrato desse ano cresceu 59 por cento, mas em euros esse montante cresceu 38 por cento. A diferença tem impacto sobre as margens da companhia.

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