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Lula admite mudar a lei para enfrentar facções criminosas

"Você não pode permitir que alguém entre no ônibus, toque fogo no ônibus, deixe as pessoas morrerem e ache que isso deve ser tratado com certa normalidade."

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu na tarde desta terça-feira mudanças na legislação para evitar novos atos violência praticados pelo crime organizado nas grandes cidades. "Você não pode tratar como crime comum gestos como aqueles que vimos em São Paulo e no Rio de Janeiro", disse. "Isso é anormal." Na primeira entrevista do segundo governo, no Palácio do Planalto, ele não deu detalhes sobre quais pontos da lei que poderiam ser alterados. Lula falou de mudanças na lei a uma pergunta se defendia punições mais duras para os criminosos. "Isso significa que a gente vai discutir, se for o caso, mudanças na legislação", afirmou. "Você não pode permitir que alguém entre no ônibus, toque fogo no ônibus, deixe as pessoas morrerem e ache que isso deve ser tratado com certa normalidade." No início da tarde, ainda na portaria do Palácio da Alvorada, onde mora, Lula disse a jornalistas que o secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa, discutiria propostas de combate à violência com o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB). "A ordem do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e também minha é que a gente faça todo esforço para resolver o problema do Rio e de outros estados." Lula, que evitou falar sobre os atentados no Rio no final do ano, fez um discurso inesperado no parlatório do Planalto, na festa da segunda posse, para condenar os atos "terroristas" praticados pelo crime organizado na cidade. Na véspera, em discurso durante a posse, o presidente classificou como terrorismo a onda de violência que vem atingindo o Rio de Janeiro nos últimos dias, onde cerca de 35 atentados contra ônibus e alvos militares deixaram 18 mortos e mais de 25 feridos. ´Mão forte´ contra o terror Na segunda-feira, durante a posse presidencial, Lula fez referência no discurso aos atentados no Rio de Janeiro e anunciou que a resposta a esse tipo de violência só pode ser "a mão forte do Estado". Ele qualificou os atentados de "prática terrorista mais violenta que já houve neste país". A recente onda de atentados no Rio por integrantes de organizações criminosas mataram 19 pessoas e feriram dezenas de outras. Segundo o presidente, o que aconteceu no Rio de Janeiro na semana passada é resultado de um "processo de degradação da vida" no Brasil. Ele disse que não é o caso de se ficar culpando pela violência os governos federal, estaduais ou municipais e deu a entender que a responsabilidade pelo problema pode ser encontrada também na própria sociedade. "Há problemas que precisam ser resolvidos a partir da nossa casa", disse Lula. "A família tem que ser a base da sociedade pujante que queremos criar. Se dentro da família não se entenderem, tudo ficará mais difícil, e não será a política que vai resolver." A violência que cresce no Brasil é resultado, segundo o presidente, de "erros históricos acumulados por toda a sociedade brasileira, que precisa ajudar o Estado a encontrar uma solução definitiva." Lula disse não acreditar que exista, no Brasil, uma única pessoa capaz de compactuar com a "barbaridade que foi feita por alguns facínoras" no Rio de Janeiro. Medidas contra a violência Mencionando a presença, no Palácio do Planalto, naquele momento, do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), Lula anunciou que vai discutir com o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, medidas a serem adotadas em relação à violência no Estado: "O que aconteceu é terrorismo, e tem que ser combatido com a mão forte do Estado brasileiro. Quando um grupo de chefes (do crime), de dentro da cadeia, consegue dar ordem para uma barbaridade daquelas, precisamos discutir profundamente. Foi uma das práticas terroristas mais violentas que já houve neste País."

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