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Lula comparou corrupção à ´espinha´ que, uma hora, vai sair

Presidente recebeu cantores evangélicos. Também estava lá o senador e bispo da Igreja Universal, Marcelo Crivella, que não foi para o 2º turno do Rio

Por Agencia Estado
Atualização:

Ao ser chamado de ´bem aventurado´ por evangélicos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se empolgou, disse não ter vergonha de pedir votos a pastores e deu uma espécie de testemunho sobre as tentações do demônio na vida de um ser humano. Ao receber o apoio à sua candidatura por parte de 30 cantores de estilo gospel no Palácio da Alvorada, ele comparou a corrupção a uma ´espinha´ que pode ser furada e sair do corpo e da vida da gente. "Houve um tempo em que o pastor era candidato e achava que poderia ser diferente", disse. "Mas o pastor é um ser humano, e o demônio muitas vezes passa perto, arrasta e leva ele para um lugar que não deveria levar, e ele vai." No "testemunho", Lula ressaltou que, num processo de depuração ao longo da vida, é possível afastar o demônio. "Assim é o nosso corpo, assim é a nossa vida, e a gente vai vivendo", disse. "Tem uma espinha no nosso corpo, mas ninguém vai se matar por conta daquilo", acrescentou. "Amém, amém", repetiram os evangélicos pró-Lula. "Aquilo vai ser furado, vai sair. Na política é exatamente isso." Lula disse que, pela primeira vez, um presidente não tem vergonha de estar perto dos evangélicos. "Muitas vezes na história deste País, um político ia se encontrar com o pastor para pedir votos com vergonha de aparecer", afirmou o presidente, que abriu o Alvorada para a imprensa registrar o encontro dele com os cantores evangélicos. Antes de Lula falar, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) citou trecho bíblico em que Jesus diz que os escândalos são inevitáveis. "No debate do último domingo, o candidato Geraldo Alckmin disse que nosso governo gastou demais, fracassou na política econômica e é corrupto", afirmou o senador. "Mas digo em nome de Deus que isso é falso." Sem cerimônia, Crivella pediu a cantores como Robson (do programa Raul Gil), Mara Maravilha, Maurizete e Jamine que busquem votos para o presidente. "Vocês que são formadores de opinião, falam para pessoas simples, que por serem simples se enganam com bravatas, peço que estejam juntos do presidente", disse o senador. "Não apenas orando, mas fazendo a campanha das mãos limpas." O vice-presidente José Alencar chorou quando ouviu o cantor J. Neto dizer que bem aventurados são os que compadecem dos humildes. "Deus vai deixar o Brasil ter mais quatro anos (de governo Lula), você (Lula) é um jovem, um bem aventurado", disse o cantor. Já Alencar salientou não ter dúvida de que Deus estava presente no encontro. Não fazer mágica Durante discurso com para os evangélicos que foram lhe oferecer apoio à reeleição em cerimônia no Palácio da Alvorada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a atual política econômica, dizendo que não optou por soluções mágicas. "Nós resolvemos não inventar mágica. Nós resolvemos fazer nossa politicazinha arroz, feijão, bife acebolado, que todo mundo gosta, nacional, internacional e ninguém reclama. Pode querer mais um bife, ou menos cebola, mas todo mundo gosta de comer", afirmou ele, salientando que "duvida" que o Brasil tenha vivido, "desde que foi proclamada a República, o momento econômico que temos hoje". Para o presidente Lula, "alguém pode fazer uma crítica de que o Brasil poderia estar crescendo a 5% ao invés de estar crescendo a 3%, alguém poderia fazer crítica de que os juros poderiam estar 10% e não 14%". E acentuou: "e até poderia estar, mas não está porque nós tomamos algumas medidas de não repetir erros que aconteceram no passado". Em seguida, Lula passou a criticar indiretamente o seu aliado, o senador pelo PMDB no Amapá, José Sarney, pela implantação do Plano Cruzado. "Os da minha idade sabem o que foi o sucesso do plano cruzado em 1986 e sabem qual foi o fracasso dele em novembro de 86 porque ele foi criado e, assim que acabou as eleições, ele acabou", atacou. "Todos sabem o que foram planos Bresser, Verão, Collor. Teve várias políticas inventadas como se fossem mágicas, como se o mundo fosse mudar a partir dali e no dia seguinte povo ficava com o prejuízo", prosseguiu o presidente, justificando que, por isso seu governo resolveu não fazer mágica. Segundo Lula, "o Brasil não tinha experiência de crescimento econômico com inflação baixa e nós estamos dizendo que isso é possível". A matéria foi alterada às 22h20 com inclusão de informação

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