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Lula cria polêmica ao competir com tráfico, diz El País

Jornais argentinos também tratam da violência nas favelas do Rio de Janeiro

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Por Redação
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O jornal espanhol El País comenta em reportagem publicada nesta terça-feira, 3, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez declarações polêmicas na segunda-feira, 2, "ao afirmar que está disposto a acabar com o crime organizado e que para isso não lhe importa competir com os narcotraficantes". A reportagem observa que Lula estava se referindo "ao trabalho social que os moradores das favelas do Rio e de São Paulo atribuem ao crime organizado, a quem vêem com melhores olhos do que à própria polícia". O jornal relata o anúncio de um pacote de R$ 3,8 bilhões em obras de infra-estrutura e benefícios sociais para as favelas cariocas "que rodeiam a cidade como uma triste coroa de espinhos". A reportagem também observa que o plano inclui o Complexo do Alemão, "onde há mais de 40 dias se trava um duelo entre os traficantes e os homens da polícia e da Força Nacional de Segurança, numa guerra que na quarta-feira deixou um saldo de 19 mortos, supostamente membros do crime organizado, o que é contestado pelas organizações de defesa dos direitos humanos, que temem que podem ter sido assassinados também jovens inocentes". A reportagem afirma que, "acusado pela oposição de não ter cumprido suas promessas de ajuda às favelas durante seu primeiro mandato, Lula quer reparar tal lacuna com esse grande investimento naqueles locais de horror e de violência". "Pétalas de rosa" O assunto também é tema de uma reportagem do diário argentino Clarín, que destaca a declaração de Lula de que "se o Estado não cumprir seu papel e não der melhores condições ao povo, será o narcotráfico que o substituirá no papel de prover benefícios sociais". Segundo a reportagem do Clarín, as obras, que fazem parte do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento), anunciado no início do ano, "representará melhorias substanciais na qualidade de vida de 2 milhões de habitantes das favelas fluminenses". O jornal relata ainda a declaração de apoio de Lula às operações policiais no Complexo do Alemão e sua afirmação de que "não se pode enfrentar o narcotráfico com pétalas de rosa", mas observa que "há um rechaço crescente dos organismos de direitos humanos contra esse tipo de operações policiais". Força Nacional de Segurança Outro jornal argentino, o La Nación, destaca a informação de que "quase 150 agentes da Força Nacional de Segurança já abandonaram a missão" de combate ao narcotráfico nas favelas do Rio de Janeiro "por não suportar a pressão". "Segundo revelou a imprensa, um em cada 12 efetivos da Força Nacional de Segurança, a força federal de elite, decidiu deixar a missão nas favelas por estresse ou a pedido de seus familiares, que se espantam ao ver na televisão as cenas de violência nos morros", relata a reportagem.

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