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Lula defende Berzoini, mas admite que dossiê impediu vitória

Segundo Lula, Berzoini é "um homem importante no PT", mas atuação no caso do dossiê fez com que eleições chegassem ao segundo turno

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o presidente do PT, Ricardo Berzoini, durante entrevista na manhã desta sexta-feira a emissoras de rádio do Nordeste. No entanto, Lula admitiu que o escândalo do dossiê - que acarretou na saída de Berzoini da campanha pela reeleição - contribuiu para que as eleições chegassem ao segundo turno, apesar dos prognósticos de vitória ainda no primeiro turno. Lula mencionou fatores que, na avaliação dele, impediram sua vitória no primeiro turno da eleição, contra todos os prognósticos das pesquisas de intenção de voto. Lula disse que ainda não tem uma visão correta dos fatores, mas destacou dois: "Muito otimismo da minha tropa e as denúncias do dossiê". Apesar da versão corrente de que deseja a saída de Ricardo Berzoini da presidência do PT, Lula defendeu o seu ex-coordenador de campanha. Segundo Lula, Berzoini é "um homem importante no PT, um quadro político de muita envergadura, foi ministro da Previdência e teve um trabalho excepcional na reforma da previdência dos funcionários públicos". Para o presidente, a executiva nacional do partido deve ter maturidade política neste momento. "Ele (Berzoini) já não está mais no comando da campanha. Portanto, eu espero que o PT tenha maturidade política para fazer as coisas corretas. Normalmente nestas horas as pessoas trabalham na pressão das manchetes e tomam atitudes precipitadas. Eu sou um homem que aprendi na minha vida a não tomar nenhuma atitude precipitada. Tudo que a gente tem que tomar de atitude tem que maturá-la para tomar a decisão na hora certa com equilíbrio emocional bastante correta para não cometer erros. Não tem nada pior na vida do que condenar um inocente como também não tem nada pior do que absolver um culpado. Por isso é preciso muita sensibilidade", disse o presidente. Segundo Lula, o PT tem mecanismo para julgar as pessoas e o partido tem uma vantagem em relação às demais legendas. "Nós apuramos e os outros jogam para debaixo do tapete. O PT e todos os partidos do mundo têm processo similares. Aqui no Brasil a história mostra, na Europa mostra", completou citando países como França, Espanha, Itália e Alemanha. Lula destacou que, na crise passada, todos apostaram que o PT tinha acabado. "Mas foi a legenda mais votada outra vez. As pessoas sabem separar o joio do trigo", disse ao citar uma imagem da laranjeira. "Se tem uma laranja podre não pode cortar o pé de laranja, mas apenas a laranja podre", disse. Aloprados Ele voltou a classificar de "um desastre" a iniciativa de "um bando" de petistas que tentaram comprar dos irmãos Vedoin, chefes da máfia dos sanguessugas, textos e imagens que supostamente envolveriam candidatos tucanos com a quadrilha. "Faltou um pouquinho de votos que vamos obter agora, no segundo turno", disse o presidente candidato. Ele observou que nesta fase terá de trabalhar mais 20 dias na campanha. "Não vai ter férias, vai ter que trabalhar muito." Lula disse que prefere deixar que a Polícia Federal, "que é menos propagandista e faz menos pirotecnia", resolva a questão do dossiê. Campanha Lula disse que o programa de seu adversário, sem citar o nome do candidato Geraldo Alckmin (PSDB), estaria prevendo privatização de estatais. " É possível governar sem privatizar nada. O que vem por aí, é só pegar o programa dos partidos que estão do outro lado, que tem insinuações de privatização de Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e da Petrobrás", disse, ressaltando o avanço da indústria naval que, segundo ele, já está produzindo plataformas e navios. "Vamos recuperar a marinha mercante brasileira", prometeu. Ao longo da entrevista a emissoras de rádio de Pernambuco e Bahia, dois estados que visitará hoje, na condição de candidato, Lula disse que está otimista com o segundo turno e que "a economia vai dar um salto de qualidade como poucas vezes aconteceu na história do Brasil". "Não é apenas por mérito do governo mas por mérito da compreensão da sociedade brasileira", concluiu.

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