Lula diz que Brasil só pode ser comparado com o Brasil

"Pode ter algum país crescendo mais do que o Brasil, mas nenhum tem a conjuntura de fatores positivos que tem a macroeconomia brasileira"

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Por Agencia Estado
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O candidato à reeleição à Presidência da República pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que o Brasil vive um momento único de "fatores positivos" na história do País. Porém, ao ser lembrado de que o Brasil foi o que menos cresceu no ano passado entre os países emergentes, Lula respondeu: "É preciso ver a realidade de cada país. Nós temos que comparar o nosso País com o nosso País", ponderou o presidente em entrevista ao Jornal da Globo. "Pode ter algum país crescendo mais do que o Brasil, mas nenhum tem a conjuntura de fatores positivos que tem a macroeconomia brasileira." Falando pausadamente, sem preocupação com o tempo, em alguns momentos Lula não aceitou ser interrompido pelos entrevistadores que queriam fazer novas perguntas. Ainda sobre o crescimento econômico, o presidente disse "estar feliz" com a situação econômica do País e "torcendo" para que "melhore ainda mais". Para ele, o Brasil deve entrar em um ciclo de crescimento, com mais distribuição de renda e mais investimentos em educação. "E isso só foi possível porque nós preparamos o Brasil para crescer", vangloriou-se. "O Brasil em nenhum momento da história esteve tão preparado para dar o próximo passo como está agora." Ao ser questionado sobre a promessa do ex-ministro Antonio Palocci de não aumentar a carga tributária, o que acabou não ocorrendo, o presidente garantiu que não houve elevação de impostos. "Pelo contrário, minha querida (dirigindo-se à jornalista Christiane Pelajo). Você teve dedução do Imposto de Renda - nós reajustamos a alíquota - que tinha ficado cinco anos sem reajuste - duas vezes", afirmou, sem citar o reajuste feito no último ano do governo Fernando Henrique Cardoso. "Desoneramos R$ 19 bilhões de impostos e vamos continuar desonerando." O presidente Lula reiterou que o governo federal já fez a sua parte em relação à reforma tributária e culpou os governadores que, segundo ele, não querem abrir mão da guerra fiscal. "A parte federal foi votada, a parte estadual, não", queixou-se. O candidato à reeleição ironizou os adversários que se comprometeram a terminar a reforma: "Eu de vez em quando vejo alguém conversar com vocês dizer que vai votar a reforma tributária, mas não fez", alfinetou. E prometeu novos pacotes de bondades para desonerar diversos setores de atividade: "Mas sem a pressa e sem o ufanismo daqueles que ficam dizendo que tudo se resolve com a política tributária", prosseguiu. "Governaram o Brasil por 500 anos e não fizeram." O presidente e ex-sindicalista procurou responsabilizar a Volkswagen pela atual crise pela qual passa. "A Volkswagen teve um projeto a mais confeccionado no Brasil, e a Volks sabe que não pode ter um projeto a mais", afirmou o presidente sem especificar qual seria o projeto que não deu certo. Lula prometeu trabalhar para que a fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, não seja fechada, mas lembrou que o mercado interno de automóveis continua aquecido e que a própria Volks continua exportando grande quantidade de veículos. "Agora, se uma empresa faz um projeto errado ela também paga o preço disso." Ao ser perguntado sobre a falta de investimentos no ensino fundamental, Lula admitiu que a situação ainda é de precariedade: "Agora, isso é um acúmulo de 500 anos que está sendo mudado nos últimos 36 meses", afirmou. Ele citou entre as melhorias o projeto que cria o Fundeb, que destinaria R$ 5 bilhões a mais para a educação e a criação da Universidade Aberta, para a formação de professores. E voltou a cutucar os adversários, ao afirmar que o Estado de São Paulo, que foi governado pelo PSDB nos últimos anos, recusou-se a participar de exames de avaliação: "Possivelmente para que nós não descobríssemos que São Paulo, que é o Estado mais rico, não tem a melhor qualidade de educação." O presidente procurou justificar o apoio de deputados e senadores com processos de cassação em andamento: "Eu tenho as alianças com quem quer me apoiar", justificou. "Eu não escolho quem participa das reuniões", salientou, referindo-se ao conselho político. Ele aproveitou para criticar a legislação eleitoral que impediria alianças completas com os partidos políticos, o que garantiria a governabilidade. "Mas nós vamos ganhar as eleições, se Deus quiser, e vamos construir uma força política para dar ao Brasil a sustentabilidade e a tranqüilidade de que o Brasil precisa."

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