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Lula diz que não teria privatizado Telebrás e Vale

A afirmação do presidente mostra estratégia definida pelo comando de sua campanha de pespegar no candidato tucano Alckmin o carimbo de privatista

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, em entrevista publicada nesta quinta-feira pelo jornal O Globo que não teria privatizado as empresas do sistema Telebrás nem a Vale do Rio Doce. A mineradora e as empresas estatais de telefonia multiplicaram significativamente seus investimentos e o número de consumidores beneficiados depois de privatizadas no governo Fernando Henrique Cardoso. A resposta de Lula, além de revelar a visão que o presidente tem do papel do Estado na economia, permite uma segunda leitura. Deve ser entendida dentro da estratégia definida pelo comando de campanha do presidente de pespegar no candidato tucano Geraldo Alckmin o carimbo de privatista. Nos últimos dias, integrantes do Partido dos Trabalhadores (PT), e o próprio Lula, têm dito que o tucano, se eleito, privatizaria a Petrobras, o Banco do Brasil e outras empresas estatais ou de economia mista. Tais declarações, negadas por Alckmin, foram consideradas pela oposição de "terrorismo eleitoral". Em entrevista tensa, o tema da corrupção e do envolvimento dos aliados petistas no dossiê Vedoin contra políticos tucanos e em outros escândalos de corrupção produziram as respostas mais evasivas. O presidente, por exemplo, disse que não teve a curiosidade de perguntar quem forneceu o dinheiro para bancar a compra do dossiê. "O papel de perguntar é da Polícia Federal", respondeu. Lula, porém, voltou a insinuar que há um arquiteto, de fora do PT, que teria armado a trama do dossiê Vedoin para prejudicar sua campanha. Batendo na tecla de que é preciso investigar não só o conteúdo do dossiê, mas também a identidade do suposto personagem. Confrontado com a questão do aparelhamento do estado pelo PT que teria prestigiado personagens como Jorge Lorenzetti, envolvido no escândalo do dossiê, Lula disse que sequer trocou a camareira do Palácio do Alvorada que servia a FHC e que tudo não passa de acusações de quem, uma vez desalojado do governo, pretende manter nos cargos as pessoas apadrinhadas. Embora tenha garantido o emprego da camareira que servira FHC, o PT, no entanto, preencheu, segundo o próprio partido, cerca 7,4 mil cargos de DAS (Direção e Assessoramento Superior, cargo de maiores salários no Executivo) com quadros partidários ou de pessoas simpatizantes. Lula também demonstrou aborrecimento com a insistência dos entrevistadores em extrair dele uma declaração sobre conquistas do governo Fernando Henrique Cardoso. "O Fernando Henrique Cardoso não está em julgamento, gente... Ele fala o que fez; eu não preciso falar o que ele fez... Eu não preciso fazer julgamento. Peça para o Alckmin dizer que coisas boas que ele fez. O Alckmin pode ir para a tribuna e defender o Fernando Henrique Cardoso. Por que não o faz? Eu é que não vou!".

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