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Lula e Alckmin têm muitas coisas em comum, diz jornal

Segundo o diário britânico, em um nível os dois são opositores radicais, mas em outro têm propostas semelhantes

Por Agencia Estado
Atualização:

O jornal Financial Times afirma hoje que os dois principais candidatos à Presidência da República nas eleições de outubro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o tucano Geraldo Alckmin, têm muitas coisas em comum. Segundo o diário britânico, em um nível os dois são opositores radicais. Lula é um ex-líder sindical, proveniente do pobre Nordeste e que se formou politicamente no ABC paulista. "Ele é um homem carismático com forte apoio entre os pobres e a população com menor nível educacional que são a maioria da população brasileira", disse o FT. Já Alckmin se formou médico mas tem sido um político ao longo de sua vida profissional, na maior parte do tempo fotografado com camisa e gravata, sem paletó e com as mangas dobradas. "Ele é o epítome da eficiência gerencial e seu apoio é mais forte entre os mais abastados e com maior nível educacional", disse o jornal. Mas, segundo o diário, quando você conversa com as pessoas que estão elaborando os programas de governo dos dois candidatos, às vezes é difícil diferenciá-los. Marco Aurélio Garcia, assessor de Lula, apresenta uma lista das prioridades do programa petista: inclusão social através de criação de empregos; desenvolvimento econômico através da contínua estabilidade e investimento em infra-estrutura; reforma política e avanços na educação, especialmente concentrados na ciência e tecnologia. José Carlos Meirelles, do lado de Alckmin, tem uma lista similar, segundo o FT: um vigoroso programa educacional concentrado na escola primária e mais foco na ciência e tecnologia; crescimento através de investimentos em infra-estrutura; reforma política; e redução da burocracia e do custo do governo. "Seria fácil concluir que eles têm idéias similares para como atingir seus objetivos", afirma o jornal. "Embora o PT negue isso, a continuar com a atual política econômica significa manter as medidas introduzidas pelo governo anterior do PSDB: usar uma política monetária apertada para combater a inflação, e supostamente uma política fiscal rígida - cortando gastos em investimentos, embora permitindo que os gastos correntes aumentem - para atacar o elevado nível de dívida do governo, equivalente hoje a 50% do PIB e um grande obstáculo para o investimento", disse. Segundo o FT, Meirelles também acha difícil discordar das políticas de seus opositores em algumas ocasiões. Mas, segundo o jornal, num ponto fundamental os dois candidatos parecem se encarar olho no olho. "Lula, na verdade, talvez entenda melhor do que qualquer um no Brasil o papel da inflação baixa para melhorar as condições de vida do pobre - daí sua vigorosa (embora publicamente discreta) defesa da independência operacional para o Banco Central apesar das fortes críticas vindas de todos os lados." O FT observa também que há grandes diferenças na maneira como cada candidato sugere a manutenção da estabilidade e ao mesmo tempo a melhora do crescimento econômico. O jornal observa que Lula inicia a campanha eleitoral com uma forte vantagem nas pesquisas, mas a recente campanha publicitária do PSDB ajudou a reduzir a distância entre os dois candidatos.

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