Lula perdeu grandeza e virou um "político qualquer", diz FCH

Para ex-presidente tucano, Lula "fala muito bem com o povo, tem talento, mas, politicamente, perdeu altura"

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Por Agencia Estado
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"Lula perdeu grandeza...virou um político qualquer". A frase foi disparada nesta quinta-feira pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, durante um café de manhã com correspondentes estrangeiros na capital argentina. Cardoso, que está em Buenos Aires para uma série de conferências, indicou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "fala muito bem com o povo, tem talento, mas, politicamente perdeu altura...e isso é ruim para o país". Cardoso também recomendou a Lula: "não jogue sua história no lixo". Segundo o ex-presidente, Lula está arrasando a imagem que havia criado ao longo de décadas: ele próprio está destruindo seu simbolismo". Cardoso foi categórico: "ele ficou muito eleitoreiro". Analisando o slogan de Lula, "Lulinha paz e amor", Cardoso ironizou: "é algo meio hippie, não?". Depois, comentou: "mas agora, voltou a ser aquilo que (Leonel) Brizola dizia, o de `sapo barbudo´. Não pode ser. Um líder tem que pensar a longo prazo. Não pode pensar em só ganhar eleições. Lula, que sempre foi um símbolo, tornou-se um político qualquer". Segundo Cardoso, o PT, que era um partido nascido em setores de vanguarda, em uma região industrializada, atualmente transformou-se em um partido vinculado a partidos tradicionais. "Lula não fala mais em ´trabalhadores´... agora ele fala em ´pobres´. No primeiro turno não é que houve votos de pobres contra ricos. Houve ricos e pobres das regiões comandadas pela oligarquia votaram no PT". Cardoso também relativizou as declarações realizadas por seu candidato, Geraldo Alckmin (PSDB), de que um eventual segundo governo Lula acabaria antes de iniciar: "é campanha, né?". Depois, acrescentou: "não somos golpistas". Segundo Cardoso, "se Lula ganhar, será presidente...se há corrupção, a Justiça o dirá". O ex-presidente sustentou que "em alguns casos, as posições de Lula são mais conservadoras que as minhas". Perguntado se Alckmin era mais conservador que o ex-presidente, Cardoso respondeu: "ele não vem da esquerda que eu vim, é de outra geração...nas questões práticas não é conservador, como em educação e economia". Poucas horas antes do encontro com os correspondentes estrangeiros, Lula havia declarado que havia apoiado Cardoso nos anos 80, quando este era candidato a senador, sugerindo que lhe devia um favor. Cardoso respondeu: "e eu o apoiei à presidência do país, quando Lula teve que enfrentar Collor, em 1989".

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