Lula prevê mensalão julgado em 2050

Nos EUA, ex-presidente diz que se relatório da PF for incorporado aos autos caso não termina

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Por Denise Chrispim Marin
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CORRESPONDENTEWASHINGTONO ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva previu o julgamento do caso do mensalão apenas por volta de 2050 caso o relatório final da Polícia Federal seja incorporado aos autos do processo por decisão do Supremo Tribunal Federal. A questão está nas mãos do ministro do STF Joaquim Barbosa, relator do caso. Lula chegou a questionar o conteúdo do documento, revelado pela revista Época. "Não tem relatório final do mensalão. Tem uma peça que dizem que foi o relatório produzido pela Polícia Federal. Mas não se sabe se o ministro Joaquim vai receber ou não, se aquilo vai entrar nos autos do processo", afirmou o ex-presidente. "Se entrar, todos os advogados de defesa vão pedir prazo para julgar. Então, vai ser julgado em 2050. Não sei se isso vai acontecer", completou, depois de ter feito palestra remunerada no Fórum de Líderes do Setor Público, promovido pela Microsoft, em Washington (EUA).Desde 2005, quando o escândalo veio à tona, o então presidente Lula vinha negando sistematicamente sua existência. Ontem não chegou a tanto.Embora Lula tenha levantado dúvidas sobre a legitimidade do documento, o relatório da PF concluiu ter realmente existido o esquema de desvio de dinheiro público para o pagamento de políticos intermediado por empresas do publicitário Marcos Valério. Questionado sobre outra pendência de sua gestão, a emissão de passaporte diplomático para sete de seus parentes, Lula afirmou ser essa uma questão "do Itamaraty". Anteontem, o Ministério Público Federal do Distrito Federal concluiu que a concessão do documento para quatro filhos e seis netos de Lula fora irregular e pediu a devolução em prazo de 30 dias.Palestra. Em uma indicação do que será seu futuro, Lula afirmou, durante a palestra de 39 minutos que, embora ex-presidente, jamais será "ex-político" nem "ex-militante". "Vou morrer trabalhando pelo continente africano", disse, referindo-se a um dos projetos do Instituto Lula, organização não governamental que pretende fundar com base no atual Instituto Cidadania, em São Paulo. Por enquanto, Lula vive de palestras remuneradas. A Washington, ele veio acompanhado por um assessor, um fotógrafo, um tradutor e seguranças.

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