Lula rebate e diz que Saulo deveria falar menos

"Eu acho que alguém que exerce o cargo de secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo deveria ser mais sensato na hora de abrir a boca", disse Lula

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Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente da República e candidato à reeleição pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, rebateu hoje, em entrevista concedida à rádio Capital AM, as acusações feitas, no domingo, 6, pelo secretário de Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, de que o PT estaria por trás dos ataques realizados pela organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) no Estado. De acordo com o presidente, o secretário paulista, em vez de falar, deveria, de forma mais humilde, perceber que houve uma falha no sistema prisional estadual. "Eu acho que alguém que exerce o cargo de secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo deveria ser mais sensato na hora de abrir a boca. E, ao invés de tentar acusar quem quer que seja, deveria tentar evitar que essas coisas estivessem acontecendo em São Paulo", disse Lula, que classificou como "mau-caratismo" qualquer atitude de alguém que aproveite estes acontecimentos como fator eleitoral. "Segundo a imprensa, alguns bandidos estão, de dentro da cadeia, controlando e dando ordens para que aconteça tudo isso. Ele (Saulo) poderia, pelo menos, tirar o telefone celular dos presos. Tem tanta gente em liberdade que não tem telefone celular. Por que o preso tem que ter um telefone celular?", indagou. De acordo com Lula, o povo de São Paulo tem razão estar preocupado, mas o Estado não deveria ter medo de enfrentar a situação. "O povo de São Paulo não merece o que está acontecendo, porque, no Brasil inteiro, é o povo mais trabalhador, que levanta às 3 horas da manhã, às 4 horas da manhã, vai trabalhar, chega às 7 da noite em casa, pega dois, três ônibus. Ou seja, esse povo merecia, no mínimo, a garantia da tranqüilidade oferecida pelo Estado brasileiro", comentou. O presidente mencionou que o presídio federal de Catanduvas, no Paraná, espera a transferência de 40 presos de São Paulo. Segundo ele, é necessário apenas que o Estado peça autorização à Justiça. "Vamos pegar este Marcola (Marcos Camacho, considerado líder do PCC) e a quadrilha e levar para outros lugares", sugeriu. Lula lembrou que é amigo, desde 1978, do governador de São Paulo, Claudio Lembo (PFL), e que não quer culpar ninguém, mas somente dizer que há uma falha no sistema prisional que precisa ser apurada. "Ao invés de ficar procurando culpados, era muito melhor que sentassem o nosso ministro da Justiça e o nosso secretário de Segurança de São Paulo e tomassem uma atitude comum, porque o povo não pode ficar vendo bate-boca pelo rádio, pelos jornais ou pela televisão", afirmou Lula, numa referência à entrevista com as denúncias dada por Saulo de Castro ao programa Canal Livre, da TV Bandeirantes, no domingo. Intervenção Lula reiterou ter oferecido ajuda das tropas federais desde a primeira onda de ataques a São Paulo, em maio, e que, desde então, o governo paulista vem negando a ajuda. Segundo ele, o governo federal não quer promover uma intervenção no Estado. "Não tem como o governo federal fazer, por conta própria, intervenção. Nós não queremos fazer intervenção e São Paulo não precisa de intervenção, precisa de uma ação conjunta", destacou o presidente. "Nós estamos à disposição com a Polícia Federal e sua inteligência, com a Força de Segurança Nacional e com as Forças Armadas. Agora, o controle da segurança de São Paulo é do Estado de São Paulo", complementou, lembrando que tem motivos ainda maiores para se preocupar, porque tem boa parte de sua família residindo no Estado. Lula informou que deve viajar a São Paulo para alguns eventos e aproveitar a ocasião para conversar diretamente com o governador Claudio Lembo, insistindo que está solidário ao Estado. "Nós não podemos permitir que meia dúzia de bandidos coloque o Estado mais rico da Federação em pânico", comentou. "Estou, primeiro, solidário ao povo de São Paulo; segundo, solidário ao governo de São Paulo; terceiro, à disposição de fazer o que eles entendem que possa ser feito, de curto prazo, de médio prazo e de longo prazo. Porque o problema de São Paulo não é um problema de São Paulo, mas do Brasil", destacou Lula.

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