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Lula será a arma de Mercadante contra o favoritismo tucano

Preocupado em ficar sem mandato a partir de 2011, senador contará com presidente em comícios e na propaganda eleitoral

Por Clarissa Oliveira
Atualização:

Por trás da decisão de trocar uma reeleição quase certa ao Senado pela corrida ao Palácio dos Bandeirantes, Aloizio Mercadante (PT) arrancou do presidente Luiz Inácio Lula da Silva o compromisso de que não se lançará sem apoio na tentativa de vencer o favoritismo tucano no maior colégio eleitoral do País.Como parte da fatura para enfrentar o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), que larga com mais de 50% nas pesquisas, o petista obteve a garantia de que Lula terá farta presença na propaganda eleitoral no rádio e na televisão e participará de comícios pelo Estado afora, independentemente da agenda da pré-candidata ao Planalto, Dilma Rousseff. O reforço foi a maneira encontrada por Lula para amenizar a preocupação de Mercadante com o risco de ficar sem mandato a partir de 2011. Enquanto negociava a candidatura, o senador tentou sem sucesso buscar um ponto de apoio na eleição de 2012. Queria convencer a ex-prefeita Marta Suplicy a lhe dar prioridade para disputar a prefeitura paulistana, mas ouviu dela e de outros líderes petistas que era cedo demais para um acerto.Com a promessa de Lula, Mercadante torce para abocanhar parte da popularidade do presidente. Entrou na conta a tese de que será mais fácil, por exemplo, atrair o voto de beneficiários de programas de transferência de renda. Só no Bolsa-Família, há 3,5 milhões de paulistas, distribuídos por 1,1 milhão de famílias no Estado, que até a semana passada estava sob comando do pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra. A conta do Planalto sobe para 8 milhões de pessoas, se considerados todos os programas assistenciais.Ponto fundamental também a estratégia de Dilma, a promessa de Lula de entrar em campo em São Paulo alimenta o otimismo do time de Mercadante. "Estamos entrando nesta eleição para ganhar", diz o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (SP).Ao mesmo tempo em que colará no presidente, Mercadante dará prioridade total à desconstrução da gestão tucana. A ideia é casar o discurso com o da campanha de Dilma, quem sabe com a contratação de um marqueteiro próximo a João Santana, que está à frente da comunicação da pré-candidata petista. Até lá, quem ajudará o senador a desenhar sua estratégia será o time de coordenação da campanha, que começa a tomar forma nesta semana. "Vamos apontar o desmantelamento da educação, a desorganização da segurança pública, a urgência da saúde e cortes na área de infraestrutura", adianta o presidente estadual do PT, Edinho Silva. "O Alckmin só está na frente por enquanto porque é mais conhecido", minimiza o prefeito de Osasco, Emidio de Souza.Mesmo que a estratégia naufrague, petistas apostam que a candidatura valerá a pena para Mercadante. Dizem que é no mínimo uma oportunidade de cair nas graças de Lula, revertendo arranhões na relação entre o presidente e o senador. Um deles veio no auge da crise no Senado, no ano passado, quando o senador resistia em apoiar a permanência do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), no cargo.Também predomina a avaliação de que as urnas vão enterrar o desgaste de 2006, quando Mercadante foi eliminado da corrida estadual em meio às denúncias sobre o dossiê dos aloprados. Mas petistas insistem que, mesmo com esse episódio e os vestígios do escândalo do mensalão, o senador teve 32% dos votos naquela eleição. "Agora, por outro lado, o cenário nunca foi tão favorável para o PT em São Paulo", diz Vaccarezza.O Time de MercadanteEmidio de Souza Preterido na disputa interna para a eleição estadual, já recebeu um convite para integrar a coordenação da campanha Edinho Silva Presidente do PT-SP, participa ativamente de negociações com aliados e deve permanecer na cúpula da campanha Eduardo SuplicyO senador, que retirou há alguns dias seu nome da disputa, deve participar ativamente da agenda de campanha pelo EstadoElói Pietá Próximo ao senador, o ex-prefeito de Guarulhos poderá cuidar de ações como a montagem do programa de governoAntonio Mentor Como líder da bancada estadual do PT, ajudará na mobilização de parlamentares e na busca de apoio no interior Cândido VaccarezzaLíder do governo na Câmara, pode ajudar no trabalho de mobilização e será um dos elos com a campanha de Dilma Rafael Marques Vice-presidente do PT paulista, vem ajudando nas primeiras negociações e deve ajudar a cuidar do dia a dia da candidatura

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