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Lula venceu resistências para empregar Exército no Rio

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve que vencer fortes resistências para empregar as Forças Armadas no combate ao crime organizado no Rio de Janeiro. Além dos próprios militares, havia outros setores no Planalto que não concordavam com a medida ? porque as tropas federais não são treinadas para enfrentar bandidos ? e temiam que o problema pudesse vir para dentro do Palácio. Mas prevaleceu a idéia do presidente, que desde o início considerou ?muito grave? a situação no Estado. Segundo uma fonte do Planato, os traficantes mostraram uma ?organização assustadora?, deixando a população ?refém? de situações consideradas inaceitáveis. A preocupação do governo, no caso do Rio, aumentou na medida da escalada das ações dos bandidos. As três últimas operações dos criminosos, que culminaram com os incêndios e ônibus e ataques a residências, mostraram uma ?extraordinária capacidade de mobilização? dos bandidos, de acordo com auxiliares do presidente. O Palácio do Planalto não tem informações de que o crime organizado do Rio de Janeiro esteja trabalhando de forma conjunta com organizações criminosas internacionais, como as Farcs ? Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. Mas, como as ações dos bandidos estão cada vez mais audaciosas, o governo teme que, se nada for feito de forma efetiva, essa preocupação possa se tornar realidade. ?Só que não se pode ignorar que o crime organizado hoje é internacional?, declarou um auxiliar do presidente. Nas conversas com interlocutores que manteve nos últimos dias, o presidente Lula chegou a classificar as ações do Rio como ?um desafio de um narcotráfico terrorista?. Por causa da insegurança da população, o presidente achou absolutamente necessária a presença do Exército, embora saiba que os soldados federais não têm formação específica e são treinados para matar. Lula foi alertado e concordou que, num confronto entre bandidos e traficantes, tudo pode acontecer, inclusive o fato de inocentes serem atingidos. ?O presidente sentiu que precisava dar uma resposta à população?, disse um interlocutor de Lula, ao acentuar ?a manifestação criminosa deu um salto qualitativo e colocou em risco o Carnaval no Rio?. O governo federal prometeu ainda medidas duras e até agir com violência, se necessário, para impedir a escalada do crime. As negociações entre os governos federal e do Rio começaram na segunda-feira, e a decisão do emprego do Exército só foi tomada quando Rosinha Matheus colocou no papel o pedido das tropas. O Planalto queria ter segurança jurídica para atender o pedido. Outro assessor do presidente disse que Lula não pretende ir à TV dizer que o crime passou dos limites, mas não tomar medidas efetivas, como ocorreu no governo passado. Na quarta-feira, quando decidiu convocar as Forças Armadas, Lula se reuniu por mais de três horas com os ministros da Justiça, da Defesa e os três comandantes militares no Planalto. Naquele dia, Rosinha telefonou mais de dez vezes para o ministro da Justiça para acertar detalhes da operação de emprego das forças. Também as policias federal e rodoviária federal foram colocadas à disposição do Rio. O Planalto avisou ainda que se os bandidos insistirem e forem enfrentar o Exército, colocará em vigor outros planos B e C que dispõe. Veja o especial:

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