Lula 'vende' Mercadante e Alckmin oculta Serra

Tucano só faz citação discreta a presidenciável e exclui de currículo passagem por seu governo

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Por Bruno Tavares
Atualização:

Apelo.

Lula usa 20 segundos para pedir que votem em petista

   

Discrição.

Tucano menciona nome de Serra apenas uma vez

 

 

 

 

 

Os candidatos Geraldo Alckmin (PSDB) e Aloizio Mercadante (PT), os mais bem colocados nas pesquisas para o governo de São Paulo, estrearam ontem no horário eleitoral gratuito seguindo estratégias parecidas com as adotadas pelos presidenciáveis de seus partidos.

O primeiro programa petista na TV, às 13 horas, teve o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedindo voto para Mercadante. O segundo, levado ao ar à noite, foi quase todo dedicado a um "bate-papo" entre os dois. Já a propaganda de Alckmin, repetida nos dois horários, fez menção a José Serra, mas de forma discreta.

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O vídeo tucano não exibiu nenhuma imagem de Serra em 6min56s de duração. A exposição do presidenciável foi maior ontem nos horários reservados aos senadores da coligação - Orestes Quércia e Aloysio Nunes Ferreira - do que no tempo concedido a Alckmin.

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Na linha do tempo que narrou toda a trajetória política do tucano - da Prefeitura de Pindamonhangaba (SP) ao governo do Estado - também ignorou sua passagem de pouco mais de um ano pela Secretaria de Desenvolvimento do governo Serra. Na ocasião, a escolha do então governador teve significado emblemático para os tucanos. De um lado, representava uma tentativa de unificar o partido, dividido após a insistência de Alckmin em concorrer na eleição presidencial de 2006. De outro, serviria para dar visibilidade a Alckmin, já de olho na sucessão de Serra no governo.

O nome de Serra só foi mencionado uma vez por Alckmin no programa da tarde. Foi quando prometeu construir mais escolas técnicas e faculdades de tecnologia. "Enfim, São Paulo é o motor do Brasil e nós precisamos e vamos ajudar o nosso presidente Serra, fazendo as grandes obras que geram empregos para as pessoas e trazem progresso para o nosso Estado."

A segunda referência a Serra veio de um eleitor. A última surgiu na fala do locutor, quando o assunto eram os ambulatórios de especialidades - "o Serra implantou, Geraldo vai ampliar". Se com Serra a propaganda de Alckmin foi "econômica", com o ex-governador Mário Covas foi um pouco mais generosa. O político tucano, padrinho político do candidato ao governo, foi citado duas vez.

Ao contrário de Serra, retratado de camisa sem gravata e mangas dobradas, Alckmin usava camisa e gravata da cor salmão.

Lula. O programa noturno de Mercadante usou seus 4min e 16s para explorar a relação de "30 anos" dele com Lula e o "convite" para assumir um ministério na primeira gestão. Anteontem, no horário nobre, Dilma Rousseff (PT) já havia usado a imagem de Lula numa espécie de jogral por cidades do País.

À tarde, o programa de Mercadante fez críticas à administração tucana em São Paulo. Ao condenar "o abuso dos pedágios", ele se comprometeu a rever os contratos e adotar a cobrança por quilômetro rodado. Disse ainda que vai "acabar com essa coisa de progressão automática" nas escolas. E usou o projeto do trem-bala, bandeira de Dilma, para prometer, a partir dessa "a coluna vertebral", uma expansão da rede ferroviária paulista em direção ao interior.

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Nos segundos finais, Lula surgiu na tela para pedir votos. "Eu gostaria muito que você depositasse no Mercadante a mesma confiança que depositou em mim", disse o presidente. Nos dois horários, Mercadante apareceu sentado. O jogo de câmeras, que busca dar um ar de informalidade ao discurso, captando o gestual do candidato e o figurino (à tarde, camisa branca sem gravata e, à noite, camisa sem gravata e paletó), lembraram a forma como Dilma foi retratada em seus programas.

Além dos minutos do horário eleitoral, Mercadante tem usado as inserções no rádio e na TV para atacar seu adversário tucano. Numa delas, veiculada ontem nas rádios, o narrador observa que, até agora, São Paulo não se preparou para receber a Copa de 2014. A exemplo do que fez no primeiro dia de TV, Mercadante voltou ontem a "invadir" parte do bloco dedicado aos candidatos a deputado de sua coligação. Dessa vez, a locutora fala da "violência" nas escolas - na estreia, o foco foi nos pedágios. Por fim, três homens fantasiados de mexicanos, com chapelão e bigodes generosos, cantavam: "Por que não fez? Não fez por que se teve tempo para fazer?".

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