Macaé tem policiamento intensificado após ataques a ônibus

Traficantes incendiaram quatro coletivos após operações que deixaram quatro mortos na Favela Nova Holanda

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Por Talita Figueiredo
Atualização:

A Polícia Militar reforçou nesta quinta-feira, 22, o policiamento em diversos pontos de Macaé, norte fluminense, onde traficantes incendiaram desde segunda-feira quatro ônibus e ordenaram o fechamento do comércio no fim da tarde de quarta, em represália às operações da polícia na comunidade Nova Holanda que mataram quatro traficantes esta semana. Além de mais de 30 PMs das cidades vizinhas de Itaperuna, Pádua e Campos, homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope) participam das operações na cidade. Agora são mais de 100 homens atuando no patrulhamento ostensivo na cidade.   Segundo o comandante do 32.º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Alexandre Fontenelle, a ordem para fechar o comércio por causa de um possível arrastão foi apenas um boato e a população não deve temer. "Isso é um boato que não tem autoria, mas as investigações da nossa inteligência vão mostrar de onde isso partiu. Hoje as operações estão seguindo normalmente em vários pontos de Macaé para evitar atentado contra outros ônibus. Estamos também com um cerco na favela, com o efetivo de apoio que nos foi enviado, com o intuito de preservar a ordem pública", informou.   A prefeitura mudou o itinerário de quatro linhas de ônibus que passam às margens na região conhecida como Barra de Macaé, que inclui além da Nova Holanda, as comunidades vizinhas Malvinas, Morro do Santana e Morro de São Jorge. Algumas linhas de ônibus estão trafegando em comboio e acompanhadas de patrulhas da PM. O presidente do Gabinete de Gestão Integrada da prefeitura, Edmilson Jório, lamentou que a população que não tem ligação com o tráfico esteja sofrendo por causa das alterações, mas disse que não havia outra solução. Em algumas áreas, as pessoas precisam caminhar até um quilômetro a mais para chegar em casa.   "Nos comove, nos sensibiliza, mas o esforço que a sociedade tem que fazer agora para não deixar que o poder paralelo imponha sua vontade é de colaborar. As decisões são duras sim, mas a criminalidade nessas comunidades é extremamente hostil e não podemos permitir que novos ônibus sejam incendiados e que pessoas se machuquem. Até agora, isso não aconteceu e vamos manter assim. A população tem que ajudar e entregar esses terroristas que atacam e espalham boatos e terror", afirmou.   Os ataques do tráfico foram uma represália às operações da Polícia Militar. Segundo o delegado da 123ª Delegacia de Polícia, Daniel Bandeira, a ordem para incendiar os ônibus partiu do traficante Rogério Rios Mosqueira, o Rupinol, líder do tráfico na cidade onde nasceu e que está foragido no Rio desde que a Polícia Federal encontrou sua refinaria de cocaína, em 2007. O traficante é um dos líderes da facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA) e se refugia em morros do Rio como o São Carlos, na zona norte, e Rocinha, na zona sul.

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