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Mãe de João Hélio reconhece dois acusados pelo crime

Rosa foi a primeira a depor em audiência nesta quinta-feira no Rio

Por Agencia Estado
Atualização:

Uma porta com janela de vidro separava nesta quinta-feira, 8, os pais de João Hélio, Rosa Cristina Fernandes Vieites e Élson Lopes Vieites, dos acusados de matar o menino, arrastado por sete quilômetros preso ao cinto de segurança, no dia 7 de fevereiro. Rosa foi a primeira pessoa a depor em audiência na 1.ª Vara Criminal de Madureira, na zona norte do Rio. Foi início do sumário de acusação, fase em que testemunhas escolhidas pelo Ministério Público apresentam suas versões para o crime. Os dois vestiam uma camiseta com uma foto do filho. Na frente, a frase "Um anjo pela paz". Nas costas: "Que não seja em vão". Ao sair da sala, escoltados por policiais da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), não quiseram dar entrevista."É melhor não falar agora", disse o pai. Rosa reconheceu os acusados Diego Nascimento da Silva, de 18 anos, e Carlos Eduardo Toledo Lima, de 23. A sala da audiência ficou trancada, por ordem da juíza Angélica dos Santos, com um policial militar de plantão na porta, sem almoço. Das dezoito testemunhas arroladas, quatro policiais militares foram dispensados pela juíza e quatro não compareceram, entre elas a irmã de João Hélio. Os depoimentos começaram por volta de meio-dia e não haviam terminado até as 19 horas. Habeas-corpus O advogado Celso Salles, que defende Diego, Carlos Eduardo e Thiago de Abreu Mattos, de 19 anos, disse que não entrou na Justiça com pedido de habeas-corpus porque "temia pela vida deles". Entre as testemunhas que prestariam depoimento, os pais de Diego e de Tiago. O advogado Jorge Salgado Ferreira, que representa o acusado Carlos Roberto da Silva, disse que a estratégia é tentar livrá-lo da acusação de latrocínio e formação de quadrilha, porque ele teria participado do roubo do carro e depois seguido em um taxi, sem presenciar a morte do menino. As acusações Diego Nascimento da Silva, de 18 anos: Indiciado sob as acusações de latrocínio e formação de quadrilha armada. Carlos Eduardo Toledo Lima, de 23 anos: Indiciado sob as acusações de latrocínio e formação de quadrilha armada. Tiago Abreu Matos, de 19 anos: Indiciado sob as acusações de latrocínio e formação de quadrilha armada. Carlos Roberto da Silva, de 21 anos: Indiciado sob as acusações de latrocínio e formação de quadrilha armada. E. , de 16 anos: Acusado de ato infracional análogo aos crimes de latrocínio e formação de quadrilha armada. Cronologia 7 de fevereiro: João Hélio Fernandes, de 6 anos, foi arrastado por sete quilômetros preso ao cinto de segurança do carro de sua mãe, que havia sido roubado, na zona norte do Rio de Janeiro. 8 de fevereiro: Diego Nascimento da Silva, de 18 anos, confessa ter dirigido o carro roubado, mas disse que não percebeu que o menino estava preso ao cinto. 13 de fevereiro: Sob vaias e ameaças os acusados da morte de João Hélio chegam à delegacia para acareação com o delegado Hércules Pires do Nascimento, que investiga o caso. Ele queria ouvir Carlos Roberto da Silva, de 21 anos, Carlos Eduardo Toledo, o Dudu, de 23 anos, Tiago Abreu Matos, de 19, e Diego Nascimento da Silva, de 18 anos, para saber que participação cada um teve no crime. 14 de fevereiro: Câmara aprovou que os condenados por crimes hediondos terão direito ao benefício de progressão de pena e liberdade provisória depois de cumprirem 1/3 da pena. No caso dos reincidentes, terão de cumprir pelo menos metade da pena para ter o benefício. Antes, mesmo para os condenados por crimes hediondos, o benefício só era para quem cumprisse 1/6 de pena. Na prática, um condenado a 30 anos podia pleitear mudanças na internação depois de cinco anos. Com a mudança, quem tiver condenação semelhante só poderá pleitear benefícios com dez anos. 14 de fevereiro: De acordo com o projeto aprovado na Câmara agora é considerado falta grave o porte ou uso de telefones celulares e aparelhos de rádio comunicação dentro dos presídios. Além disso, agentes penitenciários e diretores de cadeias que facilitarem a entrada desses objetos nos presídios podem ser condenados de três meses a um ano de prisão. 15 de fevereiro: A Polícia Civil do Rio realizou uma simulação do crime para reforçar o depoimento de duas testemunhas-chave que foi essencial para identificar o assaltante que dirigia o veículo. 15 de fevereiro: Câmara dos Deputados aprovou o terceiro projeto de um pacote de medidas de segurança pública. O projeto de lei agrava a pena dos criminosos maiores de idade que usarem menores nas ações criminosas. A Comissão de Direitos Humanos do Senado também sancionou projeto com proposta semelhante. 16 de fevereiro: Rosa Cristina Fernandes, mãe de João Hélio, dá depoimento na polícia e desmente versão dos criminosos. Eles disseram que usavam arma de brinquedo no momento do assalto, mas, segundo ela, o som produzido no vidro do carro era feito por armas de metal que foram apontadas contra às vítimas. 27 de fevereiro: Ministério Público do Rio de Janeiro apresenta denúncias contra os acusados. Os quatro assassinos maiores de 18 anos não foram acusados de corrupção de menores pois, para o MP, o menor envolvido no crime não teria sido convencido a participara da ação. 28 de fevereiro: No Senado, o governo adiou para o dia 28 a votação, na Comissão de Constituição de Justiça, sobre a redução da maioridade penal para 16 anos, nos casos de crimes hediondos. Também no dia 28 será examinada a emenda que propõe a criação de uma lei que, excepcionalmente, poderá desconsiderar o limite de punição penal.

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