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Mãe de menino assassinado elogia policial

?Vovó, estou sangrando?, disse Kauã

Por Talita Figueiredo e RIO
Atualização:

A manicure Helen Silva de Lacerda, de 20 anos , disse que temeu pela vida do policial que socorreu seu filho Jorge Kauã de Lacerda, de 4 anos, que morreu após ser baleado no coração durante o confronto entre traficantes e policiais na Favela da Coréia, anteontem. "Eu vi os bandidos atirarem contra ele quando corria com meu filho nos braços. Ele teve sorte de não ser baleado, porque fez de tudo para salvar o Kauã", disse Helen, momentos antes de enterrar o filho no Cemitério de Irajá, na zona norte do Rio. Helen contou que estava em casa com os dois filhos - além de Kauã, ela tem Pablo, de 9 meses - quando o tiroteio começou. Traficantes invadiram sua casa, e a manicure fugiu para a casa da sogra, em frente. "Ficamos todos escondidos no banheiro. Três crianças e quatro adultos. E ainda tinha dois policiais, que estavam se protegendo lá e trocando tiros com os bandidos. Não sei como não estamos todos mortos", contou. Quando viu que os tiros estavam perfurando a parede do banheiro, já era tarde. "Só ouvi ele falando: vovó, estou sangrando", lembrou a mãe, com lágrimas nos olhos. Além de perder o filho, ela e a sogra, Rosângela das Dores de Lima Silva, de 47 anos, perderam as casas. "Está tudo destruído. Mamadeira, geladeira, televisão, ventilador. Está tudo perfurado por balas. A gente não tem para onde ir. Temos medo de voltar lá", afirmou Rosângela. AJUDA DO GOVERNO Ontem, durante o enterro do menino, acompanhado por cerca de 50 pessoas, Helen disse que precisa de ajuda do governo e que vai em busca de justiça. "Sei que nada vai trazer meu filho de volta, mas nós pagamos por aquela casa. Estávamos lá há dois meses. Tenho ainda um bebê para criar. E, agora, para onde vou?", perguntava. FRASES Helen Silva de Lacerda Mãe de Jorge Kauã "Ficamos todos escondidos no banheiro. Ainda tinha dois policiais se protegendo ali, trocando tiros. Não sei como não estamos todos mortos" Rosângela de Lima e Silva Avó do menino "Está tudo perfurado de balas. A gente não tem para onde ir"

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