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Mãe esperou 24 anos para rever filha seqüestrada

Por Agencia Estado
Atualização:

Desde 4 de março de 1979, Francisca Maria Ribeiro da Silva alimentava a esperança de ter notícias da filha Aparecida Fernanda, levada de uma maternidade de Goiânia pouco após o nascimento. Esse dia chegou nesta quarta-feira, 24 anos depois do seqüestro, graças a um exame de DNA. Aparecida Fernanda é Roberta Jamilly Martins, irmã adotiva de Pedrinho. Como o garoto, ela também foi tirada da mãe biológica pela empresária Vilma Martins. As suspeitas sobre a verdadeira identidade de Roberta surgiram no ano passado, após denúncia feita por sua tia, Guiomar Martins Costa, irmã de Vilma. A confirmação, no entanto, dependia do exame, que a jovem se recusava a fazer. Durante um depoimento de Roberta na Delegacia de Investigações Criminais de Goiás (Deic), no entanto, surgiu a solução para o caso. Já alertados por uma perita de que seria possível obter material para análise até de um copo d?água usado pela jovem, policiais recolheram as pontas dos cigarros fumados por Roberta Jamilly. "Quando a vimos com o cigarro, não tivemos dúvida. Ela jogou as pontas de cigarro fora e, quando foi embora, ligamos para a perita, que estava em Brasília. Ela nos orientou sobre a forma correta de embalar o material, que foi levado, primeiro, para o nosso instituto aqui em Goiânia e, em seguida, para a Perícia Técnica de Brasília", revelou o delegado Antônio Gonçalves. Nos cigarros, a perícia encontrou saliva, que serviu de base para o exame de DNA, segundo o secretário de Segurança Pública de Goiás, Jônathas Silva. De acordo com o delegado Gonçalves, a forma encontrada para recolher o material para o exame de DNA é perfeitamente legal. "O material usado é descartável, ou seja, já havia sido utilizado por ela, que o jogou fora. Não houve invasão de privacidade e a lei não proíbe esse tipo de procedimento." O delegado encaminhou nesta quarta-feira o processo para o Judiciário. Para ele, Vilma não ficará sem punição. Se a Justiça entender que o crime de seqüestro está prescrito, há ainda o crime de falsidade ideológica, porque Vilma registrou Roberta Jamilly como sua filha legítima. Gonçalves informou que o inquérito que apura o desaparecimento de Aparecida Fernanda, seqüestrada em 1979 da Maternidade de Maio, em Goiânia, entra em sua terceira fase. "Agora falta saber quem levou o bebê da maternidade." Vilma Martins passou o dia fugindo do assédio da imprensa e não quis dar declarações. Os advogados dela disseram que ainda não foram notificados sobre o resultado do exame de DNA feito com a saliva da jovem. Com a confirmação sobre Roberta, fica mais complicada a situação de Vilma, que já responde por seqüestrar e registrar como filho legítimo Osvaldo Martins Borges, hoje com 16 anos. No ano passado, a polícia descobriu que Osvaldo é Pedro Rosalino Braule Pinto, o Pedrinho, seqüestrado em 1986 numa maternidade em Brasília. Vilma nega ter levado o bebê, apesar de ter as mesmas características físicas da mulher apontada como sendo a que tirou Pedrinho da mãe.

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