Mães de policiais mortos lutam para conseguir pensão no Rio

Como os corpos dos soldados desapareceram - há indícios de que teriam sido carbonizados -, elas precisam recorrer e provar que eles não são desertores

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Por Agencia Estado
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Mães de dois policiais militares mortos em supostos confrontos com traficantes se reuniram nesta segunda-feira, 28, com o Comando da PM, no Quartel General da corporação, no centro do Rio, para dar fim a um drama: elas lutam para receber pensão do Estado, mas esbarram em um problema burocrático. Como os corpos dos soldados desapareceram - há indícios de que teriam sido carbonizados -, elas precisam recorrer à Justiça para provar que seus filhos não são desertores (afastamento caracterizado pela ausência do policial militar sem justificativa, após o período de oito dias). Para conseguir a pensão, as mães vão ser encaminhadas à Defensoria Pública a fim de mover uma ação de "morte presumida". "Somente desta maneira, a PM poderá solicitar o arquivamento do processo de deserção e pagar a pensão provisória", explicou o assessor jurídico da corporação, major Renato Junqueira Thomaz. "Há indícios de que esse soldados morreram, porém os corpos sumiram". Desde a morte do filho, o sargento Milton Roberto do Nascimento, lotado no Batalhão de Bangu (14.º BPM), em 1999, a aposentada Maria Luzia do Nascimento, de 69 anos, busca o que lhe é de direito. "Estou cansada, sofrida e sem resposta", disse ela, que sofre de diabete e pressão alta. Morando numa casa humilde em Campo Grande, zona oeste da cidade, ela buscou na religião a força para superar as dificuldades. "Vivo com uma renda de R$ 350,00. Sou ambulante, vendo bananadas, mas só trabalho duas vezes na semana por causa da minha doença. E também não posso pegar peso", afirmou, emocionada. "Sei que meu filho morreu, já me informaram, mas só Deus pode devolvê-lo para mim". A dona de casa Maria da Conceição Vieira, de 54 anos, mãe do PM Alexsandro Vieira, lotado no Batalhão de Niterói (12.º BPM), luta para conseguir a pensão há um ano, época em que ele foi assassinado. "Não sei o que aconteceu realmente até hoje. Eu dependia dele, a exemplo de suas duas filhas", disse Maria da Conceição, que saiu otimista da reunião. "Parece que agora as coisas vão andar".

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