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Mães protestam contra impunidade de policiais no Rio

Por Agencia Estado
Atualização:

Elas vivem um drama comum: são vítimas da violência e acusam policiais militares de terem assassinado seus filhos. Aproveitando que a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro anunciou, na quarta-feira, a troca no comando-geral da Polícia Militar, numa tentativa de limpar a imagem da corporação envolvida em diversos crimes, dezenas de mães realizaram nesta sexta-feira uma manifestação na porta da secretaria, no centro, para cobrar rigor nas investigações. Elas queriam ser recebidas pelo secretário Anthony Garotinho, que está viajando. ?Os policiais matam com a certeza da impunidade, mas agora estou confiante de que as coisas vão melhorar. Queremos somar com o governo?, disse Euristéia de Azevedo, referindo-se à saída do então comandante da PM, coronel Renato Hottz, substituído pelo coronel Hudson de Aguiar Miranda. Ela é coordenadora do Grupo Mães do Rio, que reúne cerca de 300 mulheres e foi criado há 13 anos. Euristéia tenta até hoje colocar na cadeia os quatro policiais militares que ela diz terem executado seu filho, o cabo do exército Willian de Azevedo, na época com 24 anos, em outubro de 1998, no episódio conhecido como Chacina do Maracanã. O jovem e outros quatro amigos, entre eles uma menina de 16 anos, saíam de um clube na zona norte quando Azevedo teria discutido com um PM que estava de folga e fazia a segurança no local. O grupo teria sido seguido e executado em seguida pelo policial e mais três PMs. A auxiliar de cozinha Maíza Ferreira Madeira, de 34 anos, compartilha a mesma dor. O filho dela, Liniker Ferreira Madeira, que tinha 17 anos, foi um dos quatro jovens mortos por policiais militares do Batalhão de Operações Especiais da PM (Bope), em fevereiro deste ano, na favela da Rocinha, zona sul. ?Não sabemos até hoje quantos PMs participaram do crime e o que aconteceu com eles. Queremos que alguém nos escute?, disse. Junto a ela, outras mães exibiam cartazes de seus filhos e pediam Justiça. O assistente de gabinete de Garotinho, Edson Zanata, desceu para falar com as mulheres na porta da Secretaria de Segurança Pública e pediu que elas criassem uma comissão que seria recebida pelo subsecretário da pasta, Marcelo Itagiba. Diante da recusa do grupo, Zanata se comprometeu a levar um relatório dos casos a Garotinho.

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