Maestro Barbato ia visitar a filha

Ex-regente do Municipal, era conhecido pela irreverência

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Foto do author João Luiz Sampaio
Por Roberta Pennafort e João Luiz Sampaio
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O maestro Silvio Barbato, de 50 anos, ex-regente das Orquestras Sinfônicas do Teatro Municipal do Rio e do Teatro Nacional de Brasília, viajava no Airbus da Air France para encontrar a filha Elisa, na Itália. Teria também compromissos profissionais. Costumava reger orquestras no Brasil e em várias cidades europeias. Por isso, andava com frequência de avião. A Polícia Federal avisou os parentes no início da tarde, mas eles preferiram manter silêncio, pois Elisa ainda não fora informada do acidente. Pouco depois da notícia do desaparecimento do Airbus, músicos e amigos reuniram-se para fazer uma apresentação em homenagem a Barbato em Brasília. O maestro participaria em junho de uma série de concertos no Centro Cultural Banco do Brasil, num projeto batizado de Camerata do Brasil. "Ele era um ótimo músico, ótimo companheiro de trabalho, um excelente regente", afirmou o violoncelista Jabez Oliveira, que trabalhou com Barbato no Rio e em Brasília. Gedeão Lopes, trompetista da orquestra do Teatro Nacional, descreveu-o como uma pessoa tranquila, vaidosa e criativa. A irmã do regente, Silviane, contou que ele viajava para Kiev, para uma apresentação. Seu último contato foi com a namorada. Barbato tornou-se regente da Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do Rio no fim dos anos 90, quando também passou a dirigir o Teatro Nacional Cláudio Santoro. Nos últimos anos, dedicava-se mais à composição. Escreveu as óperas O Cientista, baseada em Oswaldo Cruz, apresentada em 2006, e Chagas, biografia de Carlos Chagas Filho, que estreou no fim do ano em Roma. Também foi premiado pela trilha do filme Villa-Lobos, uma Vida de Paixão, de Zelito Viana. De origem italiana, ele era conhecido pela irreverência. Tinha orgulho de dizer que era flamenguista, gostava de cozinhar e de surfar com o filho caçula, Daniel.

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