Maior chacina do Rio de Janeiro completa 2 anos no sábado

Em 31 de março de 2005, 29 pessoas foram assassinadas por policiais militares

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

A maior chacina do Rio de Janeiro, a da Baixada Fluminense, completa dois anos no sábado, 31. No dia 31 de março de 2005, 29 pessoas, incluindo crianças, foram mortas nos municípios de Queimados e Nova Iguaçu por policiais militares. Quando foram atacadas, as vítimas passeavam de bicicleta, andavam nas ruas, conversavam na porta de casa ou estavam reunidas num bar. A chacina foi o ponto máximo de uma onda de violência praticada por um grupo de policiais militares, acusados de extorsão e assassinatos. Dois dias antes da matança, dois homens haviam sido mortos e a cabeça de um deles arremessada no pátio do Batalhão de Duque de Caxias, onde o comando impunha dura disciplina. Câmeras do circuito de segurança flagraram PMs jogando a cabeça; oito deles foram presos. "Nossa esperança era de que o sangue das 29 vítimas fosse suficiente para sensibilizar as autoridades de que é preciso investir em projetos sociais na Baixada, em geração de emprego e renda. Infelizmente, nada aconteceu", afirmou o coordenador do Fórum Reage Baixada, Tião Santos. O Estado paga indenização de até três salários mínimos para 34 familiares de vítimas. "A maioria já está recebendo. Os processos estão caminhando na Justiça. Mas a matança não acabou. Quantos inocentes ainda precisam morrer para que haja investimentos de verdade na Baixada Fluminense?", indaga Cátia Patrícia da Silva, presidente da Associação de Familiares de Vítimas da Violência. Cátia perdeu o irmão, de 15 anos, e um primo, de 34, na chacina de 2005. Punição Onze policiais foram denunciados pelo Ministério Público Estadual: a Justiça inocentou quatro deles e sete foram enviados a júri popular. O soldado Carlos Jorge Carvalho foi condenado em agosto de 2006 a 543 anos de prisão por 29 homicídios duplamente qualificados, uma tentativa de homicídio e formação de quadrilha. O cabo Gilmar da Silva Simão, um dos acusados, foi assassinado em outubro por integrantes da máfia dos caça-níqueis, com a qual estava envolvido. O Tribunal de Justiça informou que o próximo julgamento está previsto para a penúltima semana de maio. Os últimos dias foram marcados por atos em memória das vítimas. A programação incluiu apresentações circenses, debates, audiência pública. No sábado, uma missa será realizada na Igreja da Sagrada Família, em Nova Iguaçu, seguida de caminhada até o Bar Caíque, na Rua Gama, onde nove pessoas foram assassinadas. À noite, nova cerimônia está marcada para Queimados.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.