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Mais 25 vítimas devem ser pré-identificadas hoje

?Pedi à minha equipe que tratasse os corpos como se fossem filhos?, disse piloto de helicóptero de resgate

Por Angela Lacerda e FERNANDO DE NORONHA
Atualização:

"A orientação que passei para minha equipe é que tratassem aqueles corpos como se fossem seus filhos." A afirmação é do piloto do helicóptero H-60 Black Hawk da FAB, major Marcelo de Moura Silva, encarregado de fazer o traslado dos corpos de vítimas resgatados do voo 447 da Air France até o Arquipélago de Fernando de Noronha, onde é feita a pré-identificação por peritos das Polícias Federal e Civil de Pernambuco. Os helicópteros Black Hawk e H-34 Super Puma realizaram anteontem o transporte dos primeiros 16 corpos, trazidos da área de resgate - a cerca de 850 quilômetros de Noronha - pela Fragata Constituição da Marinha. Hoje, o mesmo procedimento deve ser repetido com os outros 25 corpos encontrados, que estão sendo transportados pela Fragata Bosísio. "É uma honra participar dessa operação, pela oportunidade de trazer de volta a essas famílias alguns dos que foram encontrados, em um momento tão difícil para cada um deles", afirmou o major Moura, do 7º Esquadrão do 8º Grupo de Aviação, com sede em Manaus há dez anos. Com 21 anos de profissão, ele disse ter sido a primeira vez que participou de "uma operação desse porte em ambiente marítimo". Sua equipe, composta de um copiloto, dois mecânicos e três homens de resgate, não teve, segundo ele, dificuldade operacional no procedimento. "A maior dificuldade é fazer o transporte dos corpos e saber que aquelas pessoas, infelizmente, não estão mais entre nós", avaliou. "É uma missão que temos de cumprir para trazer um pouco de tranquilidade para as famílias." O comandante da aeronave disse que ele e a tripulação sempre tiveram a esperança de resgatar sobreviventes. "Quando a missão se transforma nesse tipo de resgate, fazemos da mesma forma, com o mesmo profissionalismo", avaliou, ao lembrar que "muitos corpos ficaram no mar". "É uma missão dolorosa para todos, mas necessária." O trabalho do Black Hawk na manhã de anteontem, na Fragata Constituição, que se encontrava a 55 quilômetros de Noronha, consistiu dos seguintes passos: inicialmente foram baixados os homens de resgate para fazer a preparação dos corpos, o que durou entre 40 e 50 minutos. Em seguida os corpos foram içados de um em um ou de dois em dois, dependendo da situação e, quando todos estavam a bordo, o helicóptero retornou a Noronha. O mesmo procedimento deve ser repetido hoje na Bosísio. Ele não adiantou como será o traslado, mas informou que o Black Hawk tem capacidade para transportar oito corpos por vez.

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