Mais comercial, SPFW foge da crise

Negócios fechados no evento giraram em torno de R$ 1,5 bilhão

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Por Renata Cafardo
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Não se vê crise financeira mundial nos números da São Paulo Fashion Week (SPFW). Ao menos nesta edição de inverno, encerrada ontem. Segundo balanço divulgado pela Luminosidade, empresa responsável pelo evento, os negócios em moda fechados na cidade durante a semana giraram em torno de R$ 1,5 bilhão, exatamente o mesmo da edição passada. "É evidente que esta coleção que está sendo mostrada aqui pode vir a sentir o efeito no varejo", diz o diretor-geral da Luminosidade, Gustavo Bernhoeft. "Mas a radiografia de agora não é a de uma crise instalada no segmento." Ele acredita que, caso a incerteza no mercado financeiro permaneça durante o primeiro semestre de 2009, a SPFW de junho possa, sim, sentir os tais efeitos da crise. O maior evento de moda da América Latina teve aumento de 48% na sua receita, vinda de empresas patrocinadoras. As antigas - como Natura e Oi - mantiveram seus investimentos como parte de suas estratégia de marketing. E surgiram novos parceiros, como a Universidade Anhembi Morumbi e a TAM. Todos os patrocinadores investiram R$ 7,5 milhões na produção desta edição do evento, R$ 1 milhão a mais que no ano passado. A estimativa de negócios é calculada a partir de informações de grifes que desfilam ou não na SPFW. Fora as 38 marcas que mostraram suas coleções na Bienal do Ibirapuera, há centenas de outras que abriram seus showrooms a compradores de todo o País nesta semana. "Nunca tivemos um janeiro com tantos compradores internacionais", diz o diretor da Iódice, Adriano Iódice. Segundo ele, compradores internacionais, como os asiáticos, que costumavam se abastecer de mercadorias americanas ou europeias, agora procuram o País. "Ou esse empresário fecha, ou ele apresenta algo novo aos clientes. O Brasil é um mercado a ser explorado nessa crise, podemos oferecer um produto diferenciado e com preço competitivo", completa. A estimativa da empresa é a de crescer 50% neste ano. "Não sei se estou sendo muito otimista." "O setor têxtil está exportando mais por causa do dólar alto, os estilistas não deixaram de criar ou participar da SPFW, como aconteceu em Nova York. Nossa moda é acessível, sem ser popular, e está madura para enfrentar a crise", afirma o gestor de projetos da Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex), Marco Aurélio Lobo. A entidade trouxe 40 compradores estrangeiros neste ano ao evento, um recorde. "Já passei por quatro crises e nem por isso a SPFW foi afetada", resume Paulo Borges, diretor do evento. Os reflexos da crise podem ser vistos mais na criação do que em resultados financeiros. "Hoje não dá para ostentar na roupa. Em tempos de crise as pessoas teriam vergonha de usar algo assim", diz Oscar Metsavaht, dono da Osklen, que apostou em peças feitas de moletom na sua coleção, mostrada no domingo. "Fizemos uma coleção comercial, não acredito que teremos problemas para vendê-la", explica o diretor Comercial da Forum, Francisco Robles. Por coleção comercial, se entendem peças menos conceituais e bem mais "usáveis".

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