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Mais duas vítimas do voo 447, da Air France, são enterradas

Funeral do comissário Lucas Gagliano Jucá foi no Rio; em SC, família se despede de servidora

Por Clarissa Thomé
Atualização:

O corpo de Lucas Gagliano Jucá, de 24 anos, comissário de bordo do voo 447 da Air France, foi enterrado na tarde de ontem no Cemitério São João Batista, em Botafogo, zona sul do Rio. Cerca de cem pessoas acompanharam o enterro, incluindo colegas de trabalho da empresa aérea, que compareceram uniformizados. Muitos se emocionaram. Sobre o caixão de Lucas, parentes colocaram a bandeira do Botafogo e dois retratos do jovem. Imagens e cartazes em homenagem ao rapaz também foram colados na parede da capela, durante o velório, que ocorreu com caixão fechado. "Lucas, você realmente não era desse mundo. Tinha de ter morrido perto do céu para chegar mais rápido", disse, emocionado, o professor Fernando Gama. Lucas vivia na França. Ele veio ao Brasil em maio para o enterro do pai. Passou 15 dias ao lado da mãe e retornava em 31 de maio para a capital francesa, quando o Airbus caiu. A Air France confirmou ontem que o corpo do piloto é um dos 11 que foram identificados pelo Instituto de Medicina Legal do Recife na semana passada, mas não revelou sua identidade. Um sindicato de pilotos disse que o comandante era Marc Dubois. O Ministério das Relações Exteriores da Alemanha disse que três alemães também foram identificados, mas não divulgou seus nomes. Além de Lucas, o corpo da funcionária pública Deise Possamai também foi enterrado na tarde de ontem em Nova Veneza, a 180 quilômetros de Florianópolis. Cerca de 500 pessoas, entre parentes e amigos, acompanharam o funeral, que também teve o caixão lacrado. Amilton, seu tio, lembrou a infância de Deise, fazendo referência a uma pessoa doce e frágil. Tão logo terminou a missa, o caixão foi conduzido para um cemitério nos fundos da capela, a menos de uma quadra de onde nasceu e onde atualmente residem seus pais. "A oportunidade de uma despedida deixa todos, de modo geral, um pouco aliviados", comentou uma ex-colega de trabalho. Deise havia conseguido uma licença da prefeitura de Criciúma para fazer um curso no exterior. Ela era separada e não tinha filhos. Na terça-feira, o corpo do engenheiro Luis Cláudio Alves de Monlevad, de 48 anos, foi enterrado em Barra Mansa. IDENTIFICAÇÃO Mais três corpos - totalizando 14 - foram identificados ontem pela força-tarefa encarregada das necropsias das vítimas. Integrada por médicos legistas da Polícia Federal e da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco, a força-tarefa informou, por meio de nota divulgada no fim do dia, que o número de corpos resgatados subiu para 51. Um dos fragmentos levados ao IML do Recife na terça-feira é de tecido humano. Os três corpos - todos de estrangeiros - foram identificados a partir de exames odontológicos. Dois são do sexo masculino e um do feminino. As embaixadas dos países de origem dessas vítimas foram comunicadas e, a pedido dos familiares, nenhum nome foi divulgado. Dos 11 corpos identificados na semana passada, sete - cinco homens e duas mulheres - já passaram pelo processo de embalsamamento no Cemitério e Funerária Morada da Paz e seguiram para o Rio. De lá, serão transportados para outros Estados ou países de acordo com seus locais de origem. Em nota, os comandos da Marinha e da Aeronáutica informaram ter avistado ontem "apenas reduzida quantidade de possíveis destroços" na área de buscas. Enquanto os militares brasileiros continuam a procura por destroços e corpos, os franceses, encarregados de investigar o acidente, se concentram em tentar localizar a caixa-preta do Airbus. A causa da queda do avião, ocorrida dia 31 de maio no Oceano Atlântico, ainda é desconhecida e as caixas-pretas são decisivas para determinar o que aconteceu. Mas as equipes de buscas correm contra o relógio. As balizas presas às caixas-pretas emitem ondas sonoras por um período de 30 dias. Restam cinco dias para o fim desse prazo. As balizas emitem os sinais eletrônicos em um raio de até 2 quilômetros. As embarcações que procuram o aparelho vasculham o mar em um raio de 80 quilômetros e podem captar sinais a uma profundidade de 6 mil metros. COLABORARAM JÚLIO CASTRO, ESPECIAL PARA O ESTADO, e ANGELA LACERDA, COM AP

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