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Mais lento e com maior dificuldade, resgate chega à reta final

Por MAURÍCIO SAVARESE
Atualização:

As buscas por corpos de vítimas da tragédia com o Airbus da TAM, com 187 pessoas a bordo, levaram os bombeiros nesta sexta-feira à cabine da aeronave e ao fim dos trabalhos em dois dos três anexos do prédio atingido pelo avião. Na fase final das operações, os militares exploram lentamente a parte esquerda das ruínas do edifício da TAM Express, de onde retiraram até agora 189 corpos e 25 sacolas com fragmentos. O Airbus A320, que fazia o vôo 3054 de Porto Alegre a São Paulo, sofreu o acidente, o pior da história do país, na noite de terça-feira, ao tentar pousar. O avião passou por cima de uma avenida movimentada e explodiu ao se chocar contra prédios do outro lado da cabeceira da pista de Congonhas. "O trabalho está no ritmo certo e demora mesmo. Há risco de desabamento e operamos revezando a entrada de bombeiros e a entrada da máquina que corta concreto", disse o porta-voz dos bombeiros, capitão Mauro Lopes. Segundo ele, ainda há cerca de 20 por cento de área para explorar no anexo esquerdo. Nas partes frontal e direita do prédio, que tinha três andares, já foi concluída a perícia. A expectativa das equipes que trabalham no local é de demolir a parte frontal e direita do prédio até segunda-feira. O capitão Lopes afirmou que os bombeiros estão utilizando o parte frontal do prédio da TAM Express como apoio para passar para o lado esquerdo, onde estão sendo concluídas as buscas da operação. "Da tarde de ontem até agora nos pudemos avançar apenas alguns metros na parte direita do fundo edifício. Temos um espaço de um pouco menos de 1 metro para trabalhar. Aquilo que parece ser a cabine está esmagado debaixo de uma laje", acrescentou. Ainda há fumaça entre os vestígios do avião e dos prédios e o risco de desabamento continua. Segundo o porta-voz, 88 bombeiros participaram das buscas até o início da noite. Antes da meia-noite desta sexta, esse número será reduzido à metade. PROTESTO E MISSA O movimento do aeroporto foi maior no saguão do que nas pistas, onde as operações foram suspensas das 6h até as 9h30 e das 12h15 até as 13h, segundo a assessoria da Infraero. Pela manhã, o problema teria sido de visibilidade e no início da parte da tarde por uma decisão da Aeronáutica de desafogar o terminal São Paulo, que incluiu o aeroporto de Guarulhos e Viracopos (Campinas). Além das reclamações pelos atrasos, houve protesto. De 174 vôos programados até as 16h, 66 foram cancelados e 63 estavam atrasados, segundo a Infraero. No saguão do aeroporto de Congonhas, o mais movimentado do país até a tragédia, duas manifestantes expressavam sua revolta, com uma faixa em que se lia: Não vamos deixar o luto ser comum no nosso dia-a-dia. Temos direito à vida!" A psicóloga Paula Bastos, 26, veio de Alphaville (área nobre da região metropolitana de São Paulo) para protestar contra o que chama de "apatia" da população. "É falta de segurança na rua, no avião, no carro, mas as pessoas não se revoltam", afirmou ela, vestida em uma camiseta branca com um grande coração negro estampado na frente. Perto aos destroços do avião, religiosos realizaram um ato em homenagem às vítimas e de protesto pela crise aérea. No ato, convocado pela Igreja Presbiteriana, havia cerca de 20 pessoas, número menor que o de jornalistas que cobriam evento. "Foi espontâneo, mas convocamos muito em cima da hora", disse o bispo-auxiliar, que liderou a caminhada dos religiosos do local da tragédia para o saguão do aeroporto onde rezaram com emoção contida. REUTERS ES

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