Mais um dia de protesto nos cartórios

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Por Agencia Estado
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Os preços só serão reduzidos na segunda-feira em função do decreto assinado nesta terça-feira pelo governador Geraldo Alckmin. Nesta quarta-feira, nos cartórios da cidade, quem não pôde esperar a redução de 40% nos valores, reclamava. Como todos, a operadora de telemarketing Regiane Valéria Lima, de 24 anos, reclamou muito por ter de pagar R$ 4,06 pela cópia autenticada de um histórico escolar. "É absurdo, mas não tenho jeito: preciso do documento para amanhã." "Por isso, minha irmã não casou até hoje!", disse a dona de casa Jorcelana Aparecida da Silva, de 33 anos. "Ela acha um desaforo os preços que são cobrados nos cartórios. O filho já está com 7 anos e ela sempre adia o casamento para não jogar dinheiro fora." Jorcelana foi ao cartório assinar uma procuração, autorizando o marido a assinar cheques, uma exigência do banco em que ele tem conta. A procuração custou R$ 94,00. "Por que duas folhinhas de papel, com um modelo que eles já têm, custam tanto?" Há nove dias, o governador havia sancionado lei, baseada em estudos feitos por uma comissão, que determinava aumentos de até 350% na tabela de serviços oferecidos pelos cartórios. Depois de muitos protestos, voltou atrás e assinou decreto reduzindo valores. Pela nova tabela, que começa a vigorar dia 20, uma cópia autenticada vai custar R$ 1,10, o reconhecimento de firma R$ 2,07 e R$ 3,50 e reconhecimento por autenticidade, R$ 5,52. A dona de casa Evelin Neves, de 30 anos, pagou nesta quarta-feira R$ 11,80 pelo reconhecimento de duas firmas. Achou o fim e reclamou um bocado para o atendente do cartório. "Eu já não achava esse serviço barato, agora ficou vergonhoso. Mas não há escapatória." Evelin está comprando um imóvel e desespera-se em pensar no tanto que vai precisar gastar até o fim da transação. "Seu documento está pronto faz tempo, senhora", limitou-se a dizer o funcionário. Olivia Isabel Bonfani Neves, tia de Evelin, disse que até adiou seu projeto de compra de apartamento. "Já imaginou quanto vai custar a escritura e registro? Uma facada." Roberto Neto, tabelião-substituto do Tabelião Milani, na Lapa, lembra que a lavratura de escrituras não sofreu reajuste. Segundo ele, o aumento dado pelo governador foi justo e, a correção, uma injustiça. "O reconhecimento de firma autenticada, que foi para R$ 8,82, é de muita responsabilidade. Cobrar R$ 1,87 banaliza o serviço. A comissão estudou o assunto e, se concluiu por esses valores, o governador não deveria reduzi-los." Segundo Neto, o problema é que antes havia só uma modalidade de reconhecimento de firma e agora há três. "A mais cara corresponde a 1% do movimento do cartório, que é o reconhecimento de firma para transferência de veículo." A comerciante Olinda Vieira, de 61 anos, conformou-se. "Não sei se é caro ou barato, só sei que preciso dos documentos autenticados."

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