Major Sampaio, de novo, debaixo d?água

Chuva assustou até moradores da rua da zona norte que tradicionalmente alaga; o Campo de Marte fechou

PUBLICIDADE

Por Mariana Barbosa
Atualização:

Os moradores da pequena Major Sampaio, rua de um quarteirão entre a Jovita e a Doutor Zuquim, em Santana, zona norte de São Paulo, nunca viram tanta chuva. A rua é famosa no bairro por virar um piscinão no verão, mas ontem a água passou de 1 metro e demorou para descer. "Deu até medo", disse a moradora Nadja Otília, de 40 anos. "Geralmente a chuva desce rápido, mas hoje demorou 45 minutos." Por pouco a enxurrada não atingiu um muro e uma escada de três andares construídos na entrada da casa, dentro da garagem, para barrar a chuva. Mesmo assim, a água entrou pelo quintal e inundou a sala e a cozinha. "Tirei mais de 20 bacias de água", afirmou Nadja Desta vez, o vizinho Marcelo de Andrade, de 42 anos, teve apenas um carro alagado. Os outros dois veículos da família, por sorte, estavam em um estacionamento próximo. "Aqui todo mundo faz isso. Quando começa a chover, a gente coloca o carro no estacionamento. Cansamos de perder carro." Na Major Sampaio é assim. A cada ano os moradores vão se adaptando, colocando comportas na entrada, construindo muros ou aumentando o nível da garagem. "Todo ano, a Prefeitura recapeia as Ruas Jovita e Doutor Zuquim. Elas vão ficando mais altas e aqui forma esse piscinão", explicou Andrade. Já fizeram abaixo-assinado, mas não tiveram sucesso. "Na subprefeitura dizem que a gente é rico e a prioridade são os pobres. Nem isenção de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), a gente tem." Os moradores já pensaram em tocar a obra por conta própria, mas nem todos concordaram com o gasto. Perto dali, na Rua Urupiara, José Roberto Gomes, a mulher e os filhos também passaram a tarde contabilizando prejuízos. "Estragou nosso Natal", diz ele. Gomes conta que a água atingiu um metro dentro de casa, destruindo os móveis. "A gente tem comporta, piso acima do nível da rua, mas não foi suficiente." Já quem não consegue nem pensar em prejuízos é Sandra Borges, moradora da Rua Bento Capinam, na Vila Guilherme. Mesmo com a insistência dos bombeiros, ela se recusava a sair de casa ontem. A avaliação de quem esteve no local era de perda total. Mas a moradora se recusava até mesmo a deixar os ambientes alagados. "Não tenho para onde ir com minha mãe", disse aos bombeiros. CAMPO DE MARTE A chuva alagou ainda a pista do Aeroporto Campo de Marte, também na zona norte. De acordo com a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), a pista fechou por volta das 15 horas e reabriu às 15h45 apenas para helicópteros. Com o alagamento da pista de táxi (que liga os hangares até a pista de pouso e decolagem), o aeroporto ficou, na prática, fechado para a maioria dos aviões executivos até as 19 horas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.