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Mangueira terá maior contingente de policiais em uma UPP do Rio

Cerca de 380 policiais farão parte da unidade, que será dividida em quatro bases

Por Pedro Dantas
Atualização:

RIO - Em aproximadamente 30 ou 40 dias, as quatro comunidades que serão beneficiadas pela Unidade de Polícia Pacificadora da Mangueira, ocupada no domingo, 20, terão cerca de 380 policiais, o maior número de agentes empregados em uma UPP, superando a da Cidade de Deus (326) e o Morro do Borel (290). Segundo o comandante das UPPs, a unidade será dividida em quatro bases instaladas provisoriamente em contêiner.

 

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O Instituto Pereira Passos da Prefeitura do Rio estima que 22 mil pessoas moram nas favelas da Mangueira e nas vizinhas do Telégrafos, Parque Candelária, Bartolomeu Gusmão e Tuiuti, que também foram ocupadas. Nesta segunda-feira, 20, os órgãos municipais e estaduais promoveram uma faxina nas favelas com o recolhimento de mais de 30 toneladas de lixo, limpeza de valas de esgoto e a derrubada de 74 barracas de vendedores, que funcionavam irregularmente debaixo de um viaduto. A demolição provocou protestos.

 

"Tenho 56 anos e dependo disto aqui para viver. Estamos aqui por ordem da prefeitura, desde 98. Na época, eles disseram que iam dar quiosques padronizados dentro de um programa de urbanização", disse a vendedora Conceição Aparecida. "O chato é que ontem (domingo) eles avisaram verbalmente. Nós reclamamos e eles entregaram uma notificação. Tivemos que correr para retirar geladeiras e engradados", afirmou Mônica Oliveira, de 45.

 

O subprefeito da zona norte, André Santos, prometeu que ainda esta semana o projeto de urbanização com os quiosques padronizados estará pronto. "A prioridade é retirar este comércio debaixo do viaduto. Até para fazer o projeto é necessária a demolição. Vamos trabalhar a semana inteira para acelerar a volta destas pessoas ao trabalho", prometeu Santos.

 

Hoje, o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) distribuiu panfletos com fotos de traficantes do Comando Vermelho, que estão foragidos de favelas ocupadas pela UPP e pelo Exército. O comando da Polícia Militar acredita que as favelas da Baixada Fluminense e da Vila Kennedy (zona oeste) serviram de abrigo para os fugitivos. No entanto, em relação ao tráfico, os moradores adotaram o silêncio. A preocupação agora é com o futuro. Dono de uma birosca na Mangueira, Lúcio Germano, de 30 anos, se preocupa com a falta de emprego causada por remoções e demolições. "Acho que meu movimento pode até aumentar com a UPP, com a chegada de turistas. Agora que eles tiraram aqueles que deveriam sair, o Estado e a Prefeitura precisam resolver a situação das pessoas que ficaram", comentou Germano.

 

Defensores públicos continuam acompanhando a ação policial. Hoje, até o fechamento desta edição, nenhuma ocorrência de abuso policial foi registrada por eles na região ocupada.

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