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Manifestações da CUT causam transtornos em Salvador

Por Agencia Estado
Atualização:

Para protestar contra as mudanças na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), militantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) prejudicaram milhares de pessoas que se dirigiam ao trabalho na manhã de hoje na Bahia. Quatro ônibus foram depredados, dezenas de veículos tiveram os pneus furados por "miguelitos" (espécie de prego com três pontas) e rodovias foram interditadas. Trinta sindicalistas alegaram terem sido agredidos pela Polícia Militar. Os distúrbios começaram no inicio da manhã na Estação da Lapa, a maior de Salvador, quando membros do Sindicato dos Rodoviários passaram a parar os veículos. Quem não atendia a ordem por bem, parava por mal: quatro ônibus foram apedrejados. Um deles chegou a ser atingido por um coquetel molotov, mas não incendiou. O trocador Edvaldo Batista, que estava em um dos veículos atacados, disse que houve pânico entre os passageiros durante a ação dos sindicalistas. "Quando jogaram o coquetel molotov, todo mundo saiu correndo", disse. As pistas que circundam o Dique do Tororó que dão acesso à Estação da Lapa foram interditadas com pedras e paus. No meio da manhã, quando a Policia Militar chegou à Lapa para reestabelecer a ordem, uma fila quilométrica de ônibus estava parada na avenida do dique. Sem opção, milhares de trabalhadores que se dirigiam para o centro da cidade tiveram que vencer parte do percurso a pé, reclamando muito dos responsáveis. "Como é que se quer defender o trabalhador prejudicando-o desta forma", protestou Antonio dos Santos, vendedor de uma das lojas da Avenida Sete. Santos e centenas de colegas tiveram outro contratempo quando conseguiram chegar ao local de trabalho: os sindicalistas haviam, na noite de ontem, danificado os cadeados de dezenas de lojas da avenida, principal via do centro de Salvador, colocando cola superbonder nos orifícios das fechaduras, com o objetivo de dificultar a abertura das lojas. Um dos prejudicados, o empresário Cláudio Magalhães, renovou as reclamações. "Sou a favor da greve, mas dessa forma não". No final da manhã, um grupo de manifestantes promoveu passeata pela Avenida Sete para fechar as agências bancárias e lojas do local. Ao meio-dia, a polícia militar chegou para dar segurança. Houve confronto entre manifestantes na região metropolitana de Salvador, onde os militantes da CUT tentaram evitar que os empregados do Pólo Petroquímico de Camaçari, Refinaria Landulpho Alves e áreas de extração da Petrobras chegassem para trabalhar. Pelo menos trinta sindicalistas prestaram queixa na Delegacia de Camaçari, alegando terem sido espancados por policiais militares. A rodovia BR-324, a mais movimentada da Bahia, que liga Salvador a região metropolitana e a cidade de Feira de Santana, foi bloqueada em dois pontos durante uma hora. No trecho próximo a Feira de Santana, o engarrafamento se estendeu por dez quilômetros. Centenas de motoristas e passageiros ficaram presos no engarrafamento, alguns trocaram tapas e ofensas com os manifestantes. Apesar de todo o esforço da CUT, o comércio, a maioria das agências bancárias, as escolas e as indústrias da região metropolitana não deixaram de funcionar. Contudo, na cidade de Itabuna, a cerca de 450 quilômetros de Salvador, 94 escolas públicas não abriram devido à adesão dos professores ao movimento.

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