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Manifestantes liberam BR-101 no Rio após dia de protesto

Cerca de 200 se reuniram na altura do km 76 contra emenda que modifica divisão dos royalties do petróleo

Por Alexandre Rodrigues
Atualização:

Com o apoio de prefeituras locais, cerca de 200 manifestantes bloquearam nesta quinta-feira, 11, as duas pistas da rodovia BR-101 na altura de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, em protesto contra a aprovação da Emenda Ibsen, que que modifica a divisão de royalties do petróleo. Pneus foram queimados no asfalto logo no início da manhã. A rodovia, principal ligação entre o Rio e o Espírito Santo, foi interditada pelos manifestantes por volta das 7h15 e só foi liberada no início da noite. Um caminhão da prefeitura de Campos foi apreendido pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) transportando pneus para serem queimados no local.

 

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Segundo a PRF, o protesto provocou um congestionamento de pelo menos 30 quilômetros nos dois sentidos da rodovia, principal ligação entre o Rio e Espírito Santo. Já a concessionária Autopista Fluminense estimou o reflexo em seis quilômetros. O local escolhido pelos manifestantes tornou inviável qualquer tentativa de desvio do fluxo. A queima de barricadas sob um viaduto novo que faz parte das obras do Porto do Açu chamuscou a estrutura.

 

O inspetor Maurício Sarmet, chefe da delegacia local da PRF (10º DPRF), contou que manifestantes estacionaram um outro caminhão repleto de lenha sobre o viaduto e despejaram a carga na fogueira. "Sempre evitamos o uso da força e esperamos resolver na negociação. Porém está muito difícil porque ninguém se apresenta como líder para negociar", contou Sarmet.

 

A PRF recebeu denúncias de que funcionários públicos foram recrutados nas prefeituras de Campos, Macaé e Quissamã para o protesto. À tarde, funcionários da prefeitura de Campos distribuíram quentinhas e armaram tendas para os manifestantes, que usam um trio elétrico para os discursos de simpatizantes e políticos da região. Entre os que discursaram estava a prefeita de Campos, a ex-governadora Rosinha Garotinho, que admitiu usar recursos da prefeitura para apoiar a ação. Como estava no Rio, ela chegou ao local de helicóptero.

 

"É tudo verba pública e eu estou lutando por verba pública. Se tiver que ser usado (recurso público), vai ser usado. É uma questão de sobrevivência", disse Rosinha ao Estado. "Se perdermos esse recursos, vou parar todas as obras, fechar creche, hospital, escola. Vamos simplesmente apagar a luz." Segundo a prefeita, os manifestantes estavam dispostos a passar a noite na rodovia.

 

Rosinha, que lidera a Organização dos Municípios Produtores de Petróleo (Ompetro, disse que a decisão de fechar a via foi tomada por um colegiado formado por empresários e prefeitos de cidades vizinhas, que também perderão recursos com a emenda, e que o movimento é "da sociedade civil". Com a maior arrecadação de royalties, Campos tem 68% de sua receita anual de R$ 1,25 bilhão no petróleo. "Não decido nada sozinha. Todo mundo apoia porque todo mundo perde. O efeito será em cascata para o comércio da região", afirmou.

 

"Se confirmarmos o envolvimento de políticos nesse movimento, isso não me surpreenderá. Não é o que se espera, mas já tivemos outros episódios aqui envolvendo autoridades, infelizmente. Na verdade estão criando um problema para todos e não me parece que essa falta de sensatez vai resolver o problema gerado, mas não me cabe fazer juízo de valor", desabafou o inspetor Sarmet.

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Sobre os transtornos, Rosinha afirmou que nada prejudica mais a região do que a emenda. Ela disse que as manifestações têm a intenção de chamar a atenção do Judiciário para o caráter inconstitucional da medida, já que não acredita em rejeição do Senado. Segundo Rosinha, uma nova manifestação está sendo planejada para o Centro do Rio na semana que vem e os articuladores do movimento viabilizarão o envio de manifestantes do interior para a capital.

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