PUBLICIDADE

Manifesto de professores causa transtornos ao paulistano

Por Agencia Estado
Atualização:

Os motoristas que passaram hoje à tarde pelas regiões das Avenidas Paulista e Brigadeiro Luís Antônio, em São Paulo, sofreram os transtornos de mais um dia de congestionamentos. A lentidão foi provocada por uma manifestação de funcionários municipais da Educação. Enquanto nas ruas os servidores protestaram contra o reajuste de 2% retroativos a maio, concedidos pela prefeita Marta Suplucy (PT), muitos motoristas reclamavam de atrasos em compromissos. Uma passeata feita pelos funcionários, num percurso de 2,5 quilômetros entre a Avenida Paulista e a Câmara Municipal, interditou vários trechos de ruas e avenidas. A manifestação reuniu cerca de quatro mil pessoas, segundo avaliação do Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Fundamental de São Paulo (Simpeem), que organizou o protesto. A Polícia Militar fez a mesma estimativa de público. O presidente do Sinpeem, vereador Cláudio Fonseca (PC do B), disse que o Sindicato alugou 80 ônibus para transportar os manifestantes. O trânsito também ficou lento nas Avenidas Sena Madureira e Domingos de Moraes. Apesar dos transtornos localizados nessas regiões, não houve reflexos no trânsito geral da cidade, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). O órgão registrou 44 quilômetros de lentidão às 15 horas, índice considerado dentro da média. No dia 14, quarta-feira da semana passada, tinham sido registrados no mesmo horário 18 quilômetros. A manifestação dos funcionários da Educação começou às 14h30, mas desde às 14h já havia centenas de pessoas em frente à Secretaria de Gestão Pública, no número 7 da Avenida Paulista. Às 14h30 a CET interditou a Paulista no sentido Consolação-Paraíso, no quarteirão entre a Rua Teixeira da Silva e a Praça Oswaldo Cruz. Esse trecho tem cerca de 350 metros de extensão. Na pista contrária, o trânsito foi invertido, com fluxo para o trânsito no sentido Consolação-Paraíso. Três das quatro pistas ficaram liberadas ao tráfego, e uma ficou livre apenas para situações de emergência como bombeiros e ambulâncias e carros particulares com necessidades especiais. Durante a passeata, enquanto os oradores num caminhão de som criticavam Marta, classificando sua política para a educação como "populista" e "assistencialista", o engenheiro de ar condicionado Afonso Carlos Sobrinho, de 50 anos, no cruzamento da Brigadeiro Luís Antônio com a Rua Humaitá, estava indignado "É impressionante, em São Paulo, se permitir um negócio desses", disse ele, apontando a passeata que interditava o trânsito. "Os caras (manifestantes) parece que são os donos da capital.´´ Ele já tinha ficado parado no trânsito, na Paulista, por causa da mesma passeata. "Vou ficar mais uma hora esperando essa palhaçada´´, protestou, na Rua Humaitá. Com um discurso diferente da maioria dos motoristas, o ator Carlos Cappeleti, de 54 anos, no mesmo cruzamento, aprovou a passeata, mesmo sendo prejudicado com o impedimento do trânsito. "Isso é o reflexo da nossa vida política desde que o Brasil foi inventado. Eles (manifestantes) estão certos. O ensino hoje é um horror, está acabado." Com a mão, ele fez sinal positivo para a passeata. Reivindicações Os funcionários foram à Câmara protestar contra os 2% de reajuste concedidos por Marta. O índice foi aceito ontem por 25 entidades do funcionalismo, que assinaram o Primeiro Acordo Coletivo de Setor Público. O documento não foi assinado pelo Simpeem, pelos Sindicatos de Especialistas de Educação do Ensino Público do Município de São Paulo (Sinesp) e dos Professores e Funcionários do Ensino Municipal de São Paulo (Aprofem). Pelo documento, Marta também vai conceder 2,6% em janeiro de 2003 e o mesmo índice em janeiro de 2004. O Simpeem, no entanto, quer 8,16% de reajuste retroativos a maio e mais um plano de reposição salarial de 62,62% referente a perdas salariais desde 1994 Os funcionários também temem perder direitos sociais, como o quinquênio (5% a mais no salário a cada cinco anos de trabalho), no projeto que Marta enviará à Câmara oficializando o índice de 2%. Eles ameaçam entrar em greve por tempo indeterminado caso haja perda desses direitos. O vereador Arselino Tatto (PT), líder de Marta na Câmara, disse que o governo municipal não tem como alterar a proposta de 2% de reajuste. "O governo teve uma queda de arrecadação e neste momento o possível de ser atendido é a proposta que foi feita.´´ Ele disse que respeita o direito de as pessoas se manifestarem Sobre o temor dos funcionários com relação à possível retirada de direitos sociais no projeto de Marta, Tatto disse que não tem nenhuma informação de que isso possa ocorrer. Referindo-se a reunião que manteve com a prefeita, assegurou que ela não mencionou essa possibilidade. Quanto aos números do protesto feito ontem pelos funcionários, o Sinpeem avalia que 60% dos 43 mil servidores da Educação paralisaram suas atividades. A entidade não soube avaliar quanto das 900 unidades do ensino municipal ficaram parcial ou totalmente sem aulas hoje.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.