Mantega afirma que Fazenda não faz parte de ´Organizações Tabajara´

Ele respondeu que, na Fazenda, tem outras atribuições e "talvez fosse melhor fazer a pergunta ao senador Romeu Tuma (PFL-SP), presente à mesa, que é muito experiente e competente na área de investigações"

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O almoço do ministro da Fazenda, Guido Mantega, nesta terça-feira será difícil de digerir. Ele enfrentou, em São Paulo, duros ataques de empresários. Sem nenhuma cerimônia, foi questionado sobre a origem dos recursos para o pagamento do dossiê contra os tucanos. Ele respondeu que, na Fazenda, tem outras atribuições e "talvez fosse melhor fazer a pergunta ao senador Romeu Tuma (PFL-SP), presente à mesa, que é muito experiente e competente na área de investigações". "Nós não temos nada a ver com o departamento de inteligência das Organizações Tabajara", brincou o ministro, sem esclarecer a que se referia com o termo "Organizações Tabajara". Para Mantega, o que interessa a sua seara, que é a econômica, é como o Brasil será entregue ao próximo governo, em termos econômicos, em 31 de dezembro. Questionado por um empresário sobre se, além da compra do dossiê, condenaria também o ex-coordenador da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição Ricardo Berzoini, o ministro afirmou novamente: "Condeno a atitude. Ela é desastrosa, um tiro no pé. Tínhamos a tradição de recusar este tipo de oferta no PT." Mantega lembrou que o partido recusou, na campanha presidencial de 1998, a oferta do dossiê Cayman, que continha denúncias contra o então candidato à reeleição, o presidente Fernando Henrique Cardoso, e seu ministro José Serra. "Repudiamos este comportamento infeliz, inapropriado e desnecessário para a vida democrática", repetiu. Segundo mandato Caso Lula seja reeleito, Mantega afirma não ter dúvidas sobre a governabilidade do País, apesar da crise política provocada pelo dossiê Vedoin. "Não tenho a menor dúvida, porque acabamos de ser governados - desculpe minha modéstia - de forma competente pelo presidente Lula." Para Mantega, conflitos em períodos eleitorais são absolutamente normais numa democracia. O fato é que tudo está muito melhor hoje do que há quatro anos, segundo ele. "Certamente, cometemos erros, mas também acertos. Agora, num segundo mandato, não precisamos cometer os mesmos erros. Será um mandato muito mais eficaz, porque estamos partindo de um patamar mais alto", afirmou. "O PT amadureceu e os outros partidos, de situação e de oposição, também. Terminada a campanha, sairemos com uma classe política melhor", acrescentou. Contradição Convidado de honra do almoço, Mantega disse que é uma contradição o resultado das intenções de voto entre os empresários - 95% dos empresários presentes votarão no candidato Geraldo Alckmin (PSDB), e 57% deles acreditam que o tucano será eleito. Segundo ele, os empresários nunca estiveram tão bem como hoje, nunca tiveram tantos lucros e tanto progresso, junto com as demais áreas da população. "Acho curioso, porque ainda assim eles preferem o Alckmin. Talvez ele seja de fato o candidato dessa pequena elite, dessa classe bem restrita da pirâmide social. Deve ser isso", afirmou. Na avaliação de Mantega, as respostas dos empresários mostram de fato uma situação contraditória, já que, segundo o ministro, o governo do PSDB registrou baixo crescimento econômico, aumento de impostos, abertura da economia de forma desequilibrada, além de praticar câmbio fixo e desativar vários setores industriais. "Acho curiosas essas respostas, até porque a mesma sondagem mostra que eles reconhecem que a economia está melhor", finalizou Mantega. O índice Lide-FGV de clima empresarial mostrou que para 57% dos entrevistados (presentes no almoço de hoje), a situação dos negócios está melhor hoje do que há um ano; 46% pretendem elevar os empregos; e 45% prevêem manter o atual nível.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.