Marcinho VP e Elias Maluco lideram greve de fome na prisão de Catanduvas

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Por Miguel Portela e CASCAVEL
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Presos da Penitenciária Federal de Catanduvas (PR) iniciaram anteontem greve de fome, reivindicando desde mudanças na rotina de visitas até o retorno para suas cidades de origem. Detentos perigosos do Rio são apontados como líderes do movimento, entre eles os chefes do Comando Vermelho, Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, e Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco. Parte das visitas de amanhã e de quinta-feira foi suspensa. Metade dos 160 detentos está, desde o café da manhã de segunda-feira, sem se alimentar, apenas ingerindo água. A decisão dos internos se tornou pública depois da divulgação de carta anônima pela imprensa de Cascavel. A greve de fome foi confirmada oficialmente ontem pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen), vinculado ao Ministério da Justiça. Os presos denunciam uma série de irregularidades na unidade, inaugurada em 23 de junho de 2006. O local abriga chefões do crime organizado de diversos Estados. As reclamações vão desde a má qualidade da alimentação, abuso por parte dos agentes penitenciários até extravio de correspondências. Eles pedem ainda o retorno para suas cidades de origem e acesso a atendimento da Pastoral Carcerária e da Comissão de Direitos Humanos. Os pedidos mais insistentes de transferência partem dos 12 chefões do tráfico de drogas do Rio. A Justiça tem negado o retorno deles para o Estado. O Depen informou que as reclamações em relação à comida servida não se justificam, "uma vez que as três refeições diárias (café da manhã, almoço e jantar) são receitadas por uma nutricionista e também testadas pelos agentes". De acordo com o Depen, a greve de fome está sendo acompanhada pelo serviço médico da penitenciária. Os parentes dos presos criticaram o presídio. "O que a penitenciária propaga para a sociedade não é verdade. O presídio virou uma escola de monstros", disse a esposa de um detento, que pediu anonimato. De acordo com ela, os internos enfrentam problemas psicológicos graves com o regime adotado na unidade. Catanduvas tem 12 celas destinadas ao Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), mas a greve de fome não está sendo realizada nessa ala. O representante da Ordem dos Advogados do Brasil para Assuntos Penitenciários, subseção de Cascavel, Cléber Evangelista, disse que a entidade pode enviar uma missão ao local, para averiguar o caso.

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