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Marina deixa PV e ataca todas as siglas

Ex-senadora sai da legenda 2 anos após filiação para disputar Presidência e diz que partidos viraram ''máquinas obcecadas pelo poder''

Por Roldão Arruda
Atualização:

No mesmo dia em que o governo enfrentava uma nova crise decorrente das alianças e barganhas políticas que tem feito, a ex-senadora Marina Silva anunciou ontem sua desfiliação do PV com ataques à estrutura partidária do País. "A experiência no PV serviu para sentir até que ponto o sistema político brasileiro está empedernido e sem capacidade de abrir-se para sua própria renovação", afirmou. Para ela, os partidos tornaram-se "máquinas obcecadas pelo poder em si e cada vez mais distantes do mandato de serviço que estão obrigados a prestar à população".No ato público de desligamento, em São Paulo, vários integrantes do núcleo político que ingressou com Marina no PV também anunciaram sua desfiliação. Entre eles os empresários Guilherme Leal, que disputou a Vice-Presidência, e Ricardo Young, que foi candidato a senador.Os apoiadores da ex-senadora com cargos parlamentares devem continuar no partido. É o caso do deputado Alfredo Sirkis (RJ), que se afastará apenas a direção do PV do Rio e de outros cargos da estrutura partidária.Marina deixa o PV nove meses o primeiro turno da eleição da qual saiu com 19,6 milhões de votos, em terceiro lugar. Ela e seu grupo não pretendem criar agora um novo partido político.Movimento. O que anunciaram ontem foi a criação de um movimento suprapartidário, que poderá se chamar Verdes e Cidadania. Deve agregar políticos de diferentes partidos e organizações identificadas com as propostas de crescimento sustentável. O objetivo segundo Marina é agregar pessoas pelas ideias. "Não é hora de ser pragmática, é hora de ser "sonhática"", brincou.O mais provável é que o movimento desemboque na criação de um partido em 2013, após as eleições municipais. Em 2012, Marina e seu grupo apoiarão candidatos com os quais tenham afinidade política, não importando a cor da legenda. "Se, na eleição municipal, o PV tiver candidatos afinados com o movimento, nós vamos apoiá-lo. Mas também podemos apoiar uma candidatura do PP que tenha identidade com o projeto sustentável", disse Sirkis.A característica mais forte do ato público que marcou o desligamento de Marina e de seu grupo do PV foi a crítica à atual estrutura partidária do País. "Os partidos estão perdendo a importância, porque perderam a alma e o sentido de suas propostas", disse o empresário Oded Grajew, que apoiou e participou da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 e depois acabou distanciando-se do governo. "O PV e maioria dos partidos se divorciaram do conjunto da sociedade", afirmou Young.Em resposta às críticas à sigla, a direção da executiva nacional do PV divulgou ontem uma nota na qual afirma que as críticas sobre falta de democracia interna constituem uma "falsa polêmica artificialmente inflada". CRONOLOGIACurta temporada1988 a 2002 Carreira no Acre Pelo PT, ela é eleita vereadora, deputada e senadora2003 a 13/5/2008No ministérioMinistra do Meio Ambiente de Lula, fica 5 anos no postoAgosto de 2009Do PT ao PV Deixa o PT, filia-se ao PV (em 11 de agosto) e prepara a candidatura à Presidência7/7/2011Adeus ao PVDesliga-se dos verdes para criar grupo suprapartidário

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