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Marina quer corte de gastos para conter juros

Fórmula defendida pela candidata do PV é conter despesas para que só cresçam a metade da variação do PIB. Para ela, porém, isso deve ser feito sem abrir mão dos investimentos estratégicos, inclusive os que estão sendo feitos na área social

Por Daniel Bramatti e Flavia Tavares
Atualização:

A candidata do PV à Presidência, Marina Silva, defendeu o controle dos gastos do governo ao participar ontem de sabatina promovida pelo Estado. Segundo ela, esse seria um caminho para reduzir os juros no País.A fórmula defendida por Marina é conter o avanço dos gastos governamentais para que eles só cresçam a metade da variação do Produto Interno Bruto (PIB). Dessa forma, as despesas públicas cairiam ano a ano, em proporção ao tamanho da economia. A seguir, o que a candidata disse sobre os principais tópicos da sabatina:Trem-bala. Se houver recursos, até que é desejável. Se for da iniciativa privada, tudo bem. Mas é uma questão de prioridades. Se não houver recursos, entre o trem-bala e a saúde e a educação de qualidade, eu vou ficar com a educação de qualidade.Pré-sal. Temos de explorar isso de uma forma tecnicamente correta, ambientalmente sustentável e socialmente justa. Nós não temos como abrir mão do uso do petróleo, no mundo inteiro. Por mais que isso desejável amanhã, isso ainda não pode acontecer. Essa fonte de energia tem de ser explorada usando as melhores tecnologias e práticas, com toda a transparência, inclusive até criando um comitê de acompanhamento independente para verificar o que está sendo feito em relação à segurança dessa exploração.Carga tributária. Temos um Estado que arrecada muito e entrega muito pouco em termos dos serviços que presta. Nós precisamos diminuir o gasto público e ver a questão dos tributos não apenas pelo lado das demandas do Estado. Temos de reduzir o gasto público, mas sem abrir mão dos investimentos estratégicos, inclusive os que estão sendo feitos na área social.Juros e corte de gastos. Temos de fazer esforço para baixar as taxas de juros. Claro que não podemos correr riscos em relação à inflação. É possível baixar a taxa de juros combinando duas coisas. Os juros não são o único caminho. É possível fazer isso controlando os gastos públicos. Nós queremos controlar o gasto público fazendo com que ele só cresça a metade do crescimento do PIB. Não vamos aumentar impostos. E, numa reforma tributária correta, até buscar os meios para reduzi-los.Papel do Estado. Essa discussão de Estado máximo, Estado mínimo, para mim, é uma simplificação do problema. Eu trabalho com o conceito de Estado necessário. No Estado mínimo, o Estado é apenas fiscalizador. No Estado máximo, ele é o grande provedor, o grande pai. Os efeitos da terceirização do serviço público eu senti na pele no Ministério do Meio Ambiente. Havia contratos temporários. Você tentava fazer investimentos de bilhões para a infraestrutura do Brasil com uma equipe que mudava a cada seis meses. As pessoas não conseguiam expertise. Ganhamos agilidade quando fizemos concursos e profissionalizamos as pessoas.Células-tronco. Defendo pesquisas com células-tronco adultas, que têm resultados excelentes, que correspondem às expectativas em relação às células-tronco embrionárias.Educação e mão de obra. Temos uma crise de mão de obra qualificada, que chamamos de apagão de recursos humanos. Se alguém disser que consegue formar um engenheiro rapidamente, o debate não é sério. Temos de dizer que vamos investir em educação de qualidade. Para ganhar agilidade, temos de criar e incentivar centros de excelência. As escolas técnicas de ensino profissionalizante são uma forma de acelerar esse processo. O governo tem investido um pouco na atualização desses profissionais, mas grande parte dos jovens tem a impressão de que as escolas da iniciativa privada é que podem colocá-los no mercado de trabalho.Segurança. É preciso transformar boas experiências, como a das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), em políticas públicas e dar escala a elas. O problema no Brasil é que a gente acaba matando as boas experiências por populismo político ou por incompetência.Aborto. Eu não oscilo na minha posição sobre esses temas, sempre tive a mesma. Quando eu era católica, pensava assim, agora, evangélica, também. Quando o PV me convidou, uma das coisas que falei foi que tinha objeções de consciência com relação a alguns temas e, se isso fosse incompatível com o partido, nem poderia entrar. Minha posição pessoal em relação ao aborto é muito clara: sou contrária. Os outros candidatos vêm dizendo isso também. A diferença é que eu venho dizendo isso por toda minha vida. Não proponho o plebiscito sobre o aborto para me esconder, porque quem vai decidir isso é o Legislativo, não o Executivo. O plebiscito é uma forma de promover esse debate.Casamento gay. Para a questão da união civil de pessoas do mesmo sexo, eu não defendo o plebiscito. Pessoalmente, eu não defendo o casamento entre elas. Mas as pessoas que têm união civil... é um direito delas, o Estado é laico. Se isso não vai ferir preceitos religiosos, não vai obrigar pastores e padres a fazer... agora, minha posição não é favorável. Tem várias outras coisas a que eu não sou favorável, como a energia nuclear, nem por isso é uma blasfêmia conservadora. Se a sociedade entende que o casamento civil é um direito das pessoas que querem oficializar seu relacionamento, não vou fazer militância contrária a esse direito. REPERCUSSÃOFernanda PortaroEstudante"Achei muito legal. Queria conhecer a Marina porque gosto da natureza e de animais, como ela"Ricardo YoungCandidato ao Senado (PV)"A sabatina foi muito boa. A Marina demonstrou uma visão muito abrangente dos problemas do Brasil"Caio PetersenAdministrador de empresas"A candidata está tentando se firmar como uma terceira via e acho que conseguirá"Mayara Rodrigues SilvaEstudante de jornalismo"Ela foi firme e contundente na defesa de suas ideias e demonstrou conhecimento de causa"Gabriel PenteadoEstudante"Ela é firme na defesa do que acredita. Deu para entender o seu modo de ver"Ariana BrunelloJornalista"Ela me pareceu muito mais competente e preparada que a Dilma (candidata do PT à Presidência)"

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